A vizinha
Jacson já estava bem crescido, devia ter uns 14 anos de idade e como toda a turma ele não tinha experiência alguma com as mulheres. Todos nós colocávamos banca, mas na verdade nenhum tinha tido qualquer tipo de relação com as mulheres do sexo oposto, assim como vangloriávamo-nos de termos o melhor time de futsal da redondeza, o Barroca Esporte Clube, famoso e temido.
Lembro-me como se fosse hoje quando Jacson chegou com a noticia da chegada da sua vizinha nova. A moça devia ter uns 25 anos, era casada com um pedreiro e tinha um filho de mais ou menos 3 ou 4 anos. A noticia não mexeu com nos afinal mulher desta idade o máximo que acharia de uma turma de desocupados, que viviam jogando bola, botão ou atirando de estilingue por ai, é que éramos um bando de pirralhos, mas a noticia contada por Jacson ganhou uma veracidade tão grande e a propaganda foi tão bem feita que decidimos averiguar de perto.
Jacson não estava brincando. Ela era mesmo uma tremenda gata, um mulherão como se dizia naquela época. Morena de corpo bem desenhado, peitos abundantes e bunda exoticamente grande.
Outra coisa que descobrimos meio que por acaso é que ela gostava de andar soltinha dentro de casa, ou seja, somente de calcinha e raras vezes acompanhada de sutiã, sem pudor ou medo de mostrar aquela belezura de corpo pro mundo. Ela deixava a casa toda fechada, mas do quarto do Jacson dava para nos ver por uma janela de vidro pela fresta da cortina quando ela passava. Era um empurra-empurra de hora esperando por aquele exato momento em que ela passava na frente da fresta da janela.
Estávamos na espreita numa tarde, quando ela passou e virou-se para a direção onde estávamos. Olhou pela fresta da janela para nós, encarou dentro de nossa alma e sumiu. Nos sabíamos que ela tinha nos visto, tínhamos certeza disso. O desespero começou a tomar conta de toda a turma, ela provavelmente contaria para a mãe de Jacson que iria a casa de cada um de nós e contaria para nossas mães e a cinta iria comer, nesta época não era crime dar umas cintadas educativas.
Esperamos por três dias e nada, ela não contou. Então estávamos livres e voltamos para o quarto do Jacson e para a nossa surpresa a janela estava aberta e as cortinas tinham sumido. Claro que levamos um susto, mas ficamos na espreita esperando ela apareceu; e ela apareceu, só que desta vez ela estava em trajes diferentes dos anteriormente usados,na verdade o traje de agora era traje nenhum. Desta vez também ela não passava apenas na frente da janela, ela parava na frente da janela, ela dançava para nós e nos ali babando alucinados por ela.
Os dias que passaram foram uma alegria para nós. A bola e o estilingue estavam empoeirados nos cantos de nossas casas, nossa única diversão era aquela, ficar de frente para a janela assistindo aquele show ao vivo todos dias. Para nós aquela era a realização de um sonho, em uma época onde alugar filme pornô era impossível afinal o vídeo cassete custava o valor de um carro, e internet nem sonho era ainda.
Numa tarde estávamos todos ali esperando o filme começar, quando ela apareceu na janela, totalmente vestida, olhou para nós e riu, logo depois fechou a janela e sumiu. Uma desanimação total tomou conta da turma, sentimos que a nossa sessão não aconteceria naquele dia e ficaríamos sem a nossa diversão diária. Estávamos saindo pela sala quando a mãe de Jacson deu uma ordem para ele:
- Filho a vizinha esta precisando que você vá trocar uma lâmpada para ela.
Jacson se foi, nos ficamos, e a partir daquele dia por algum motivo nunca mais ele nos permitiu espionar a vizinha de seu quarto, nos só poderíamos nos vingar de uma forma,mandamos ele pro banco de reserva do Barroca, mas até no banco ele sorria olhando para nós, não importava se estávamos perdendo ele estava sempre sorrindo e nos sempre esperando querendo saber o motivo daquele sorriso desgraçado.
Jonas Martins
Enviado por Jonas Martins em 26/01/2012
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