OS AMORES DA CRIS

Quando Cris apareceu com seu primeiro namorado fiquei surpreso, mas feliz. Aos quinze anos de idade perdendo o folego falando do dito cujo, a toda a hora. Apelidos carinhosos era sua especialidade, “Amor” foi o primeiro. As decepções vieram junto com suas novas e conturbadas relações. Com direito a esticadas na cama batendo os pês dizendo que nunca mais amaria como louca. Eu ficava só escutando, dois meses às vezes duas semanas depois após uma balada transloucada, outra paixão avassaladora. Esse era o “Mozão” declarações rasgadas de amor eterno, esse sim era para sempre. Frases melosas no diário nas paredes do quarto em cartões então! Mais piegas impossível, e todos que a encontravam apresentavam-os com olhares languidos atirando o cabelo para os lados. Fazia cara de paisagem esperando a hora do “Mozão” sair de cena, e lá chegava ela atirando a bolsa no sofá com raiva da unha do fulano cravando no tornozelo quando a abraçava por trás. Fim de mais um caso de amor. Desta vez não me perguntou nada e nem a deixei contar. Isto por que naturalmente dez anos depois do primeiro, claro, haveria outro na estória.. O “Amorzinho” apareceu na calçada da casa dela, falava pouco ria das sandices daquela louca intempestiva. E ligava de hora em hora para dizer o quanto a amava. Patético, mas resistiram as declarações de amor pelo celular, internet e os tradicionais e que nunca sairão de moda “cartões” tediosos com coraçãozinho de adolescentes.. E jurava para mim que chegaria ao altar. Esse claro, conseguiria arrancar um” eu quero”, diante do altar. Surpreso, não é bem a palavra, acho que não sei bem que palavra usar. Estarrecido, isso, estarrecido fiquei e muito quando marcaram a data do noivado. Confesso esperei ansioso por uma briga dramática com gritos pela casa, chamando-me de madrugada molhada de chuva dizendo-se desiludida, ultrajada. Preferindo a morte, a ficar num relacionamento insipido. E claro, aquele momento crucial em que ameaçava suicídio afogando-se com um pingo de chuva. No fundo ela sempre esperava o pior. Antevendo uma traição ou ele roncava feito porco, não sabia cozinhar, essas bobagens que só a Cris sabia dizer. O “Mo” chegou no meio de uma tempestade, Cris rasgando o vestido de noivado, dizendo-se uma mulher frustrada com o amor eterno. Jurando diante da imagem do Santo Antônio decepada por um tapa involuntário num momento de profunda emoção. Fora pedida em casamento, pronto Cris achou que era “oh” sinal esse amor não seria para sempre melhor cortar o mal pela raiz. Mais o, “Mo” era simpático enigmático superficial e autoritário. Perfeito para Cris queria que casasse logo com ele. Encontraram-se por acaso e não se largaram mais. “Mo” escrevia poemas enfadonhos como a palavra que usei, ou seja. Era um velho num corpo jovem. Festa não curtia, barzinho, não sabia quem cozinhava, só confiava seu estomago a sua empregada de mais de vinte anos com ele. Cris amou, era “Mo pra lá, Mo pra cá estou apaixonada.” Ele é diferente de tudo. Isto eu vi, durou? Claro, o tempo de eu escrever falando sobre o assunto. Cris sossegou depois de um fim trágico do namoro com o homem da sua vida. Num momento de fúria o “Mo” jogou todos os seus cartões, e-mail e adjacentes na lixeira. Chamou-a de volúvel fútil, insegura e negligente com o próprio coração, ao descobrir as sucessões de “Amores” em sua vida. A Cris sofreu o suficiente para refazer-se nos braços do “Mozinho” esse não simpatizou comigo e ela, tratou de dispensá-lo, com a frase clichê dela. “Se não gosta dos meus amigos não serve para mim”. Apareceu o “Mozi” e seu olhar de sepulcro, arrumou numa festa a fantasia, achei mesmo que fosse. Durou como direi pouco o bastante, sei lá.

Meses, muitos meses depois Cris apaixonou-se verdadeiramente. Sem aquela urgência os apelidinhos bobos. Ninguém sabia e nem ela fazia tanta questão de contar. Não interessava a opinião dos outros nem mandar cartõezinhos, e-mail. O amor estava no olhar, nos abraços que trocavam. E as pessoas quando os viam trocando sussurros de amor, ou vigiando-se entre sorrisos, cutucavam-se. Como se dissessem “como eles se amam”. Por que amor é assim simples mudo, E toda vez que deito ao lado da Cris cada vez mais apaixonado. Penso que valeu a pena tê-la esperado.

RÔCRÔNISTA
Enviado por RÔCRÔNISTA em 29/10/2011
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