Já fui importante


Eu sou do tempo em que não havia água encanada, nem luz elétrica, quando a noite caía sobre o sertão, tudo era tão belo, a lua parecia brilhar mais que nos dias de hoje.
rodeada de estrelas, a lua passava a noite iluminando a terra, era a única luz, não havia mais nada mais brilhante do que a lua...   Banho era só nos finais de semana,
eu me lembro bem quando os pais chamavam os seus filhos que brincavam na rua em frente de casa, crianças venham para dentro já, tratem de lavarem os pés antes de jantar, depois vão todos para a cama antes que fique muito escuro. O querosene do lampião acabou e não temos mais velas para clarear a casa até mais tarde.

Banheiro dentro de casa nem pensar, lá no fundo do quintal uma casinha de madeira,
era o único lugar onde havia privacidade, chamava-se privada. Lá faziam-se as necessidades fisiológicas.  Quando chovia era aquele auê para se chegar até lá,
duarante a noite sair prá fora, era impossível, então eu era chamado para entrar em ação, como o salvador da pátria. Meu lugar na família apesar de ser de muita importãncia, era em baixo da cama, já descobriram quem sou eu?

Meu nome era pinico,  entre os humildes, na granfinágem chamavam-me de
urinol, nome chique não?

OBS. O pinico ou ourinol como era chamado, vem do tempo do império, quando todos na corte o usavam.  Eram os escravos que se encarregavam da faxina.
Colaboração complementar:
Tete Brito. (comentário do texto)