Nina - parte 10

Seis meses haviam se passado, Nina já havia começado a batalha contra aquela terrível doença.

Em frente ao espelho posso ver a força implacável com que a doença se manifesta para mim a cada dia. Uma luta que exige de mim um preço muito alto, meus cabelos antes compridos e cacheados deram espaço para os lenços que escondem diante dos olhos curiosos das pessoas toda a minha fragilidade, meu rosto já não é como antes, minha fisionomia já cansada, mas, num momento em que penso em desistir, também penso nos meus pais, no amor que tenho por eles, pela vida que temos juntos.

Apesar do meu cansaço, procuro não demonstrar a eles sobre os meus momentos de pessimismo. Minha rotina mudou bastante desde o dia em que soube da minha condição, quando meu tratamento começou tive que me ausentar das aulas, pois os efeitos colaterais eram fortes demais. Eu nunca tinha sido do tipo perfil de modelo, mas nos últimos tempos, com toda a situação, estava chegando lá. Quanto a Murilo, este fez questão de não me abandonar, me acompanhava quando eu tinha que ir ao hospital, ao final de cada tratamento quando chegava em casa, ele só ia embora depois que eu dormia. Um dia disse a Murilo que ele poderia ir quando quisesse, que não estava preso á mim, que era livre, e que de forma alguma se ele decidisse ir embora eu jamais o veria com outros olhos. Já estava agradecida por tudo que tinha feito por mim, e tudo que ele representara em minha vida, nossa história só tinha momentos bons pra lembrar, disse á ele também que aquela situação era minha e não podia envolvê-lo ainda mais com isso. Porém, Murilo por vontade própria decidiu ficar, até me repreendeu quando eu falei dessa forma, nosso relacionamento ainda não era de muito tempo, mas havia sinceridade, respeito, amor. Ouvindo suas palavras, algumas lágrimas teimaram em cair, se formou um silêncio naquele momento, só nós dois no quarto, nos abraçamos e me senti confortada pela sua companhia e pelo seu amor.

Continua....