Lavradio

Lavradio, famosa por suas lojas de antiguidades. Quem não conhece a Lavradio, não conhece a cidade de São Sebastião. São 17:38h, rua do Lavradio, altura do Rio Scenarium, sinal fechado. Esquina com a av Chile. Um carro da Polícia Civil tenta apressar o trânsito. Lá na frente um carro parado no sinal vermelho, já dizia uma gaúcha do Leblon que cariocas não gostam de sinais fechados, um homem sobe no capô do carro e diz: Me dê apenas um segundo! por favor, meu amor! Mas a motorista, chorando, diz que não. Não! Mas ele insiste e não sai de cima do capô. O sinal, enfim, abre. O homem continua em cima do capô insistindo com a motorista atenção. Buzinas ecoam na antiga Lavradio. Pessoas que pisoteiam as velhas pedras das antigas calçadas da rua centenária param para ver uma cena shakespeareana. Teatro de rua. De graça. Ah, a graça! A mulher chora e arranca com o carro. E o homem no capô. E as buzinas insistentes. E a polícia está chegando. E o homem no capô se agarra ao limpador de parabrisa com uma mão e com a outra o retrovisor. E a polícia aproximando. A Bruna começa rir uma risada de criança de 10 anos. As pessoas param. O carro breca de novo. Talvez por que a motorista não queira machucar seu amado. Mas ela está machucada. Nada de Shakespeare, tudo de Nelson! Sim, a cena é de Nelson! O sinal fecha de novo. A polícia chega e fecha o carro. Dois policiais saem do carro. Um deles diz: Que porra é essa? Frase extremamente carioca. O homem do capô se explica: Calma, ela é minha esposa! O policial retruca: E daí? Isso não é motivo para você fechar o trânsito! Vamos parar com essa palhaçada! Alguém grita: É o amor, seu guarda! O guarda tira o homem do capô. O sinal abre de novo e a mulher sai em disparada pela velha Lavradio. O trânsito flui normalmente. Mais a frente, algumas mulheres estavam conversando sobre o episódio e cada uma contava um romance a sua maneira.

Rodiney da Silva
Enviado por Rodiney da Silva em 29/11/2006
Código do texto: T304352
Copyright © 2006. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.