MEMÓRIAS DE MOMÓ

Título: Memórias do Momó

Assunto: Chegada das crianças

Data: 25.10.90

Autora: Therezinha H. Antunes

Sempre, à tarde, eu ficava com o meu focinho colado ao portão, ouvidos bem atentos a cada carro que vinha lá da esquina.

A casa ficava em uma curva, acima daquela esquina. Eu já conhecia o ronco do carro deles.

Lá estavam elas: Louise, Nicole e Carolina. Saltavam do carro com aquelas roupinhas que tinham umas letrinhas brancas; chegavam, quase sempre, brigando.

Nicole vinha sempre na frente, daqui a pouco, Louise e Carolina, quase sempre reclamando de alguma coisa.

E eu, louco de vontade de beijá-las, abraçá-las; mas não podia, afinal, eu era um cachorro.

Então, para demonstrar meu amor de cachorro eu esfregava minha barriga naquela rampa que existia, enquanto a casa estava em obra.

Ah mais parecia dia de festa:

-Momozinho querido!

-Oi, lindo!

-Entra Momó!

-vem cá, Momozinho.

E ainda tinha as vezes em que a mamãe-dinda chegava junto com elas.

Ah! Que medo! Parecia que ela ia cair com aqueles sapatos tão altos! Andava sempre com pressa; carregando aquelas bolsas das crianças e se segurando naquela cerca, que hoje já não existe mais.

Havia também os dias em que chegava o papai-dindo junto com elas. Também era muito alegre, brincava muito comigo. – E aí, Momozinho? E ele nunca esperava minha resposta.

Também a ele eu demonstrava meu amor, esfregando-me naquela rampa.

Ah! Aquela rampa! Quantas histórias! Enquanto isso elas já estavam dentro da casa e ligavam logo a televisão. Gostavam muito do “chaves”.

E eu também! Me divertia muito com ele. O ruim era quando elas não chegavam a tempo e eu perdia aquele programa.Mas o que podia fazer? Gente não entende a fala de cachorro.

Mamãe-dinda ficava uma fera com elas.

-Crianças, coloquem seus materiais na mesa do quarto.

-crianças, troquem seus uniformes.

-Carolina, Nicole calcem suas sandálias.

Chii!! Mas era um sufoco.

Mamãe-dinda não gostava de bagunça. Nem eu. É sério. Minha cama estava sempre arrumada, nunca tinha sujeira minha espalhada pelo quintal, não tinha pulgas e não cheirava mal.

Mesmo sendo assim tão certinho, mamãe-dinda brigava comigo. Imaginem como brigava com elas.

Tinha duas também que era um rapaz gordinho que trazia crianças. Mas ele nunca descia do carro; apenas eu as recebia no portão. Quanta honra!!!!!.

E assim eram todos os dias. Uma festa na chegada delas com aquelas roupinhas azuis.

FIM.

Therezinha Henriques
Enviado por Therezinha Henriques em 05/05/2011
Código do texto: T2950654
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