MEMÓRIAS DO BUSCAPÉ  
17o Capítulo 
                                      
 FELÍCIA

Numa chuvosa manhã de inverno, Floriano saiu de casa, logo pela manhã para seu trabalho, mas, pouco depois voltou trazendo nos braços alguma coisa envolta em um pano sujo
Iracema, a esposa, surpreendeu-se ao constatar que ele trazia ali uma criança. Uma menina negra, recém nascida.
Logo após a abolição muitos negros ficaram abandonados. Velhos, doentes, mulheres grávidas, agora, sem poder trabalhar e sem ter quem os sustentassem,morriam a míngua à beira das estradas.
A criança tinha sido abandonada, talvez, pela mãe que não tinha como sustentá-la.
Estava enregelada, parecia morta, mas o coraçãozinho batia ansioso por viver.
Iracema aproximou-se enxugando as mãos no avental e tomou-a nos braços:
 - Venha com a Mamãe!
Estava feita a adoção.
Os filhos do casal já estavam crescidos e foi com muita alegria que receberam a irmãzinha negra.
Felícia foi criada como filha. Teve ótima educação, era prendada e muito boazinha.
O Coronel preocupava-se com ela.
Com quem a casaria? Um homem branco não ia querer desposá-la e dificilmente encontraria um negro à sua altura.
O doutor Silvino estava sob medida! Como não havia pensado ainda nisso?
 - Com a Felícia?
O rapaz mentalizou a garota risonha e gentil que sempre estava por ali e sentiu-se capaz de amá-la..
Era negra como ele e suas histórias eram semelhantes. Juntos poderiam enfrentar o Mundo cruel que os discriminava e quem sabe seus filhos ou os filhos de seus filhos poderiam ser cidadãos comuns como qualquer branco.
E o Silvino casou-se com a Felícia.


                                        


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Não percam o próximo capítulo : FLORINDA 

Maith
Enviado por Maith em 21/04/2011
Reeditado em 21/04/2011
Código do texto: T2922670