A VIDA DAQUELA MULHER...

A VIDA DAQUELA MULHER

Sonia Barbosa Baptista

(Conto)

Todo dia o sabiá, a qualquer hora cantava nas árvores do quintal da sua casa.

A vida daquela mulher transcorria num ritmo de tranquilidade e completa satisfação.

Não poderia ser de outra forma mas, como tudo que não depende só de nós tem certo, “mas”.

Desde o dia em que teve um desentendimento com uma pessoa amiga que sabiá não voltou mais a cantar lá no seu quintal, para tristeza dela que admirava aquele pássaro que trazia contido no canto, pela beleza do tom, uma espécie de declaração de amor e cantava especialmente, somente pra ela, que pensava além.

Acreditava mesmo que o sabiá, sabia que ela tinha esse pensamento sobre o seu modo especial de cantar, sempre na mesma árvore pra ela, como se a reconhecesse como parte de si.

Pobre mulher!

Toda a emoção que emanava dela no momento da visita do sabiá, em que ela ficava na varanda da cozinha olhando, emocionada aquela pequenina ave cantando, como se estivesse contando um caso.

Nem tudo que é bom dura pra sempre, nem tudo que é belo é resistente.

O Pássaro aborreceu-se com ela e nunca mais a visitou, no que gerou tristeza e solidão para aquela mulher que ficou sem motivo para sorrir.

Conclusão: perdeu o amigo querido e a companhia do pássaro .

Mas um belo dia, ela chegando na varanda, ouviu o canto do sabiá.

E disse: até que enfim voltou e virando as costas entrou fechando a porta.

Assim aconteceu por uma semana e, como se o pássaro tivesse entendido que não estava agradando, não voltou mais.

Porém, nesse tempo em que ficou ausente, apareceu na árvore um pássaro muito falante, o Bem-te-vi, no que ela já respondeu mal, ta vendo porque quer, vai embora e não me verá.

Pobre mulher! Não tão pobre assim, ela era cheia de grandeza.

Acreditar que os pássaros só estavam no seu quintal por causa dela, como se fosse a dona da natureza.

Mas como não deu certo com o pássaro fofoqueiro e apaziguador, como ela o classificara, pois ele tinha ido até lá, para pedir em favor do seu amigo sabiá.

Pobre poetisa, a mulher de quem falo!

Cheia de criatividade e mania, porém, não consegue conservar a amizade nem mesmo das aves que vivem soltas, festeiras, cantando e voando por onde querem.

A ausência do amigo e da ave deixou a mulher triste e amargurada porque apesar de ter ensaiado várias vezes um pedido de perdão, ela não teve coragem, com isso sofre pensativa em como tudo poderia ter sido diferente.

03/04/2011

Sonia Barbosa Baptista
Enviado por Sonia Barbosa Baptista em 03/04/2011
Reeditado em 03/04/2011
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