UMA PAIXÃO À BEIRA DO ABISMO - RIO DE JANEIRO

Depois de um profundo mergulho,no arquivo de suas lembranças, O CARIOCA CHOROU! Não com tanta intensidade que lhe assustasse,mas

de uma forma doída e inconsolável,oriunda de sua interrogação sem

resposta e que inibiam os diálogos que sua grande paixão lhe prome-

tera.

Era uma especie de promessa que ele levara a sério e que servia de

alimento aos seus sonhos, na ilusão de que a realidade desistisse de decepcioná-lo. Por isso, balbuciava em suas reflexões que muito amor

lhe era devido pelo simples fato de ser um mortal apaixonado e portan

to, imune às ameaças imponderáveis como:VOCÊ SÓ IRÁ ME AMAR E EU SÓ IREI LHE DESTRUIR.

Será que não existiria outra senteça para quem só quisesse amar o

belo? Tinha na vida a única preocupação de vir a ser um amante perfeito, onde as perfeições existissem para lhe acompanhar. Assim

filosofava,a mercê daquele grande amor, sem perceber que a sedução

era infinitamente superior ao compromisso com seus principios e suas

convicções. Então, naufragou diante daquela visão que lhe torturava,

pela sua impiedosa beleza natural.

Isso é paixão,balbuciou! É paixão e sua grandeza não pode ser

expressada nos limites de um texto. Precisa de um poeta para homenageá-la com versos que exaltariam:

SUA BELEZA FEMININA,COM TODA SEDUÇÃO DAS MULHERES DENGOSA

SEIOS FARTOS,RETRATADOS NO FORMATO DE MONTANHAS FOGOSAS

EM S. CONRADO OU LEBLON,OCUPAM OLHARES EM PRAZEROSA VISÃO.

NA PRAIA,O VERDE DAS AGUAS,LEMBRA A MUSA DE OLHOS DE S/COR

VOLTANDO DAQUELE ABRAÇO MOLHADO,MOSTRA O CORPO DELICADO

COMO UMA FLÕR.

E MAIS LINDOS OS DOIS FICAVAM ,ELE TODO DERRETIDO,ELA TODA

SEDUÇÃO

Assim é a cidade do Rio de Janeiro,onde aprendi a sentir um belo tão frequente que a cada deslocamento, ofereço nova surpresa ao meu

olhar pela exposição patética de belezas naturais,delírio de meu ima-

ginário e fomento de minhas emoções.

Depois que aprendi admirá-la,percebi a fantástica fonte de produção do belo que aqui faz morada ,comparavel à uma exibição do poder na-

tural em permanente rivalidade com a outra fonte de beleza:A MULHER

A beleza da mulher se perpetua por todo o Planeta, mas o belo que a

natureza instalou neste recanto, é tão exclusivo como o brilho do Sol

que se projeta em seus domínios.

Assim,a paisagem traz um significado tão profundo em minha admira-

ção que só encontro nas palavras do poeta Paulinho da Viola, uma ex-

plicação para esta paixão ímpar: "SEI LÁ SE A BELEZA TODA QUE LHES

FALO, SAI TÃO SÓMENTE DO MEU CORAÇÃO"

Querida cidade do Rio de Janeiro,se teu filho tem chorado,podes estar certa que não foi por mágoa ou por desaparecimento de teus encan-

tos. Por amor tambem se chora. Os teus habitantes não podem igno-

rar tanta beleza. A vida não teria significado sem o previlégio de te ver todos os dias. Eles não podem mais te esquecer,porque paixão é

um sentimento profundo, é a necessidade de preencher lacunas que só em teu visual é encontrado.

Ainda faz parte de minhas manifestações de assombro,a visão que se

descortina ao me libertar daqueles minutos de escuridão,qual casulo,

me desfaço do envólucro chamado "tunel" e me deparo com o bairro

de São Conrado. Ah! Quantas indagações eu coleciono para decifrar

após meu ritual de contemplação:

Não sei se olho para a direita e me delicio com o balanço das ondas

do mar, que logo me traz saudade de um grande amor, por levar em

tuas águas, o mesmo verde que eu precisava olhar. Como se não bastasse tua beleza, revivendo minha paixão, observo teu carinhoso

abraço às areias claras da praia,como se viesse buscar as flôres que

há pouco entregaram à Iemanjá.

Se olho para a esquerda, lá estão as mais formosas montanhas que a natureza poderia desenhar. Novamente me abasteço de indagações e fico inundado de respostas para ofertar aos dois. Fico pensando se a

montanha, com seus bilhões de anos,foi delineada pelo mar, na era lí-

quida, descendo de nível e ficando tua imagem elevada e esguia, de uma beleza que ainda não sei definir.

Montanha e mar! Será que eles foram criados pela natureza para realçar a insignificância do ser humano? Pois,são tão poucos os que

lhe rendem homenagens e se emocionam com suas imagens,aqui em

São Conrado. Nunca vi um onibus de turismo estacionado diante deles

sendo admirados e debatidos pelos turistas,como se faz nos museus.

Coitados,quanta energia positiva poderiam captar para fortalecer suas

vidas.

Agora,apaixonado por São Conrado,penso que nunca mais vou amar outro recanto de qualquer lugar do planeta. Mas acontece que estou chegando no Leblon e novamente o mar está ali, com mais verde em suas águas e mais lembranças para a minha mente reviver, como se

estivesse recordando meus pedidos à Iemanjá para apagar todas mi-

nhas mágoas.

Se eu já tinha uma paixão, como posso ter outra e mais outra e mais

outra.Isso é possivel porque eu não amo só os olhos ou só a boca de

minha namorada,mas sim o todo,e esse todo se chama Rio de Janeiro,

pedaço do planeta onde o "BELO" faz morada e eu quero ser o mais a-

bnegado amante. QUEM NÃO TE AMA É PORQUE NÃO TE VIU.

CRPOETA

Cléo Ramos
Enviado por Cléo Ramos em 14/04/2010
Reeditado em 15/04/2010
Código do texto: T2196987