UMA PEQUENA HISTÓRIA

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Tinha-os enterrados juntos, mulher e filho, sob um solitário cipreste que espalhava sua sombra sobre o nada da vida.

Era primavera e perfumadas flores do campo floresciam em volta da sepultura. Naquele entardecer primaveril, nenhum pássaro cantava, as vozes dos ciprestes haviam-se calado, num recolhimento solene ao despontar da noite. Diante a quietude do cemitério, ele jogou-se todo diante da sepultura, debulhado em lágrimas, a cabeça enterrada nos braços e a dolorosa lembrança de sua jovem esposa sofrendo em seu leito de morte, e seu bebê deitado, natimorto, em seu peito. Ela canta uma canção de ninar para seu bebê e deixa esta vida terrena.

Jogado diante do túmulo, tentava controlar a sua dor, quando uma leve brisa espalhou seus cabelos e agitou as folhas do cipreste; no mesmo instante, ouviu numa voz suave uma canção de ninar e, em seguia, o murmúrio de contentamento de uma criança. Em seguida, a brisa desapareceu, as folhas do cipreste se aquietaram e uma luz brilhante pairou sobre a cabeça do jovem marido e do túmulo debaixo do cipreste. Ele ouviu de novo o cantar e o riso feliz de uma pequena criança. Naquele entardecer, ele foi feliz para a casa; com a paz no coração; pela primeira vez, desde a morte de sua esposa e filho.

Seria uma ilusão tudo que a sua alma ouviu e sentiu?

Os habitantes do vilarejo dizem que não, pois, "quem for ao cemitério nas tardes de primavera, irá ouvir uma canção de ninar e o riso feliz de uma criança". ®Sérgio.

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Agradeço a leitura e, antecipadamente, qualquer comentário.

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Ricardo Sérgio
Enviado por Ricardo Sérgio em 09/01/2010
Reeditado em 07/08/2013
Código do texto: T2020741
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