Numa Boate "Lounge" I

Separou-se da sua esposa naquele dia. Por isso, a fim de se acalmar um pouco, decidiu ir a uma boate no centro da cidade. A separação não foi nada simples: as discussões foram freqüentes desde o início da crise, quando uma amiga dela havia dito que o tinha visto com outra mulher num dos restaurantes mais caros do bairro onde residia.

Apenas isso foi o suficiente para Luís ser massacrado verbalmente pela esposa, mesmo sem ela possuir provas materiais da traição. E ele não a traiu. Nunca faria isso, pois a amava muito. Fazia questão de chegar cedo em casa depois que largava do expediente de trabalho. Quando planejava um encontro com seus amigos, tinha de avisa-la com alguns dias de antecedência a fim de ela consentir. De fato, era ciumenta. E bastante. Tanto que ela não levava as suas amigas na casa do casal, julgava que Luís era muito bonito e elas poderiam paquera-lo de alguma forma. Algumas delas até afirmavam, inocentemente, que ele parecia com o ator Tarcísio Meira, sendo mais jovem, pois tinha apenas 39 anos.

Pediu uma cerveja escura ao garçom, era sua predileta. Queria fumar, mas havia esquecido a sua carteira de cigarros em casa, a gritaria da esposa o desnorteou um pouco e ele teve de sair correndo. Senão terminaria perdendo a cabeça e, num gesto de desespero, poderia até batê-la. Tal atitude que nunca houvera praticado em 12 anos de casamento. Julgava uma covardia da pior espécie, no entanto, não agüentava mais os conflitos com a esposa. E refletiu, enquanto dirigia até a boate, que a separação era inegavelmente necessária. Não havia mais volta.

*Obrigado pela leitura, queridos recantistas.

*Continua daqui a alguns dias.

*Obs: Boate "Lounge": ambiente fechado e refrigerado onde existe espaço de dança e para as mesas. Costuma tocar música eletrônica lenta e rápida.

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Fábio Pacheco
Enviado por Fábio Pacheco em 21/07/2006
Reeditado em 25/03/2007
Código do texto: T198767