Catorze anos

- Saia daqui... Agora.

- Mas... Mas eu não fiz...

De repente, um tapa acertou-o o rosto.

- Nada. – Diz caindo no chão.

- Sai daqui agora. Seu filho de uma... Puta.

Ao ver o ocorrido, a mãe corre ao encontro do filho que esta caído.

- Desgraçado... – diz, ao ser empurrada e cair ao lado do filho.

Ambos choram.

- Você vai defender este moleque, então, vai embora com ele.

- Para onde? Nós não temos para onde ir.

- O problema não é meu, é de vocês, o que importa é que eu não o quero nessa casa.

- Espera um pouco, esta casa é minha. – diz ao se levantar, deixando o filho, assustado, no chão. Você é quem tem que sair não eu, não ele.

- É só você me tirar daqui. Vamos, me tire daqui desta casa. – diz, dando um tapa no rosto da mulher.

- Eu chamo a polícia. – diz com raiva, segurando o choro, no entanto, lágrimas descem pelo rosto.

- Eu. – segurando a mulher pelo braço. – Eu mato os dois. – empurra-a.

Ela olha com raiva para ele, mas não tem coragem de revidar as agressões recebidas.

- O que você está esperando para tirar este moleque daqui dessa casa, heim... Vamos, logo, senão vou expulsar você também e vou ficar aqui só com o meu filho.

- Você não faria...

- O que? Acha que eu não tenho coragem de te expulsar daqui? Não pague pra ver mulher. Para de me desobedecer e ponha seu filho para fora daqui, eu não tenho obrigação nenhuma de cuidar dele, ele não é meu filho, é seu, e eu não o quero mais aqui nessa casa.

- Para de tratar ele assim, ele é só uma criança.

- Não tenho nada a ver com isso, ele não é a minha criança, e sua, se vira. Agora, não me deixe perder a paciência com você também. Não me obrigue a manda-lá embora com ele. - Disse secamente, enquanto saía da sala. – Você tem quinze minutos.

Ela se abaixa e abraça forte e desesperadamente o menino.

Eles choram.

- Meu filho... O que vamos fazer?

- Eu vou embora, mamãe.

- Não, eu não posso...

- Eu vou ficar bem.

- Não, eu não posso deixar você ir.

- E o quê a senhora vai fazer? Matar aquele troglodita? Com certeza não. Nem deve.

- Então, vamos embora, eu você e o...

- A senhora acha que ele vai deixar a senhora levar o Carlinhos? Pode ter certeza que não. A senhora não deve deixar o Carlinhos só com ele. Ele é ruim, o Carlinhos não merece ter um pai assim, a senhora precisa ficar com o Carlinhos para que ele não seja contaminado com a maldade do pai dele.

Eles se levantam.

- Eu vou embora.

- Você não pode ir, filho, não pode. – diz desesperada.

- Eu não posso é ficar. Vai ser melhor, para todo mundo.

- Mas para onde você vai?

- Não sei. Eu me viro.

- Essa casa é sua, você não pode ir. Essa casa era do seu pai, então, é sua.

- Não é mais. Fica aqui mãe, e cuida do Carlinhos. Vou ficar por aí, mas pode ficar tranqüila, vou dar notícias. – ela segura seu braço – deixa eu ir, antes que ele volte, e nos agrida mais.

Ele vai à direção do quarto, quando o padrasto retorna.

- Onde você vai? – pergunta.

- Vou pegar minhas coisas.

O padrasto segura seu braço.

- Que coisas? Você não tem mais nada aqui, agora é tudo do meu filho.

A mãe revoltada, vai na direção deles.

- Para com isso... – diz ela.

Ele levanta o braço.

- Parem! Tudo bem, tô indo.

A mãe chora copiosamente.

- Mãe, vai pra dentro, o Carlinhos ta precisando da senhora. Diz e vai se retirando.

A mãe vai até ele, e chorando o abraça fortemente.

- Eu te amo, mamãe. Nunca se esqueça, ta. Eu te amo, muito.

- Saia daqui moleque. - diz o padrasto.

Ele sai.

Caminha lentamente pela rua, sem saber aonde ir, enquanto, pela janela, sua mãe o observa, segurando em seus braços o filho mais novo.

Ela pensa nos perigos, que agora, o filho terá que enfrentar, afinal, ele só tem catorze anos.

Marc Souz

Marc Souz
Enviado por Marc Souz em 31/10/2008
Código do texto: T1258269
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