COTIDIANO

De repente, esta ali, a arma do policial, apontada diretamente no seu rosto.

Suava. Tremia. Sofria.

Não fizera nada demais, não cometera nenhum crime. Somente, estava no lugar errado na hora errada.

O policial olhava fixamente em seus olhos.

Não tremia. Não suava.

O tiro é questão de tempo, pensou.

Com medo, fechou os olhos.

Estava completamente assustado, amedontrado.

Neste momento sentia várias sensações e uma delas o deixava muito nervoso.

Não queria morrer.

Mas sentia que chegara a hora.

Seria morto pela policia, sem nunca ter cometido um crime sequer.

Sem nunca ter sido bandido.

Só queria ajudar.

Mas foi mal compreendido, interpretado.

- Senhor eu... – tentou dizer calma e pausadamente, mas, foi bruscamente interrompido pelo policial.

- Cala a boca, bandido filho da puta...

- Senhor eu...

Tiro.

Ele foi interrompido por um tiro que o acertou no peito.

Caiu no chão.

Sentiu o sangue quente escorrendo, deixando seu corpo fraco, sem forças.

A respiração fraca, ofegante.

A visão começou a escurecer.

O policial, veio até ele, então, com as poucas forças que lhe restaram, esticou o braço.

- Aqui... – estava fraco, dizia devagar, tentando encontrar forças – Aqui esta sua carteira... Senhor, ela... Ela... Estava caída no chão.

Estas foram suas ultimas palavras.

O policial, percebendo o que fizera, a injustiça que cometera, debruça sobre o corpo, agora sem vida e abraçando-o, chora.

Chora, por que, percebeu neste momento, que, entrou num mundo sem volta, que perdera a capacidade de confiar nas pessoas, que perdera a confiança na humildade e honestidade do ser humano.

Neste momento, percebeu que, a violência vivida diariamente, transformou-o, para sempre.

Marc Souz

Marc Souz
Enviado por Marc Souz em 10/10/2008
Reeditado em 12/10/2008
Código do texto: T1220752
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