DECADANCE AVEC ELEGANCE
DECADANCE AVEC ELEGANCE
No restaurante caro e sofisticado, uma senhora, alheia aos outros clientes, requer para si todas as atenções.
Chama o maitre e reclama da temperatura do ar condicionado. É atendida e não agradece.
Nisso, aproveita para solicitar a troca da taça de vinho. Inadequada ao tinto, conforme suas observações.
O maitre retorna com uma bela taça de cristal da Baviera. Ela concorda e troca a taça.
Em seguida, pede uma entrada ao garçom. Este, em poucos minutos, solícito, traz uma cesta com diversos pães e molhos especiais.
Com mesura, deposita na mesa e se retira.
Nisto é chamado, de novo, pela senhora:
- Quero um azeite extra virgem para acompanhar o antipasti.
- Sim, madame, o trarei, prontamente.
O garçom retorna, então, com um azeite espanhol de excelente procedência.
A senhora reclama:
- Este é o melhor azeite que esta espelunca tem?
- Sim, madame
- O senhor pode afirmar que é, realmente, um azeite extra virgem?
- Olha, minha senhora, eu não estava no local, para afirmar se ocorreu ou não o ato.
- Garçom grosseiro, chame o gerente.
Vem o gerente e ouve a cantilena da senhora. Esta lhe pede, sumariamente, a demissão do funcionário.
O gerente, então, olha a madame, bem nos olhos, e diz
- Velha bruxa, recalcada, falsa burguesa do Leblon, vaza da nossa casa. E não precisa pagar a conta.
Entre suspiros e palavrões em francês, a velha dama abandona o restaurante.
Não sem antes, de dedo em riste, dizer:
- Não volto mais a esta espelunca. Vocês vão tomar no cu.
Cruza a porta e arremessa-a com força. Com muita raiva. Estilhaços de vidro espalham-se pela calçada.
Indiferente, o sol se põe, majestoso. no horizonte da Baia de Guanabara.