DIABO DE SANTO

Estávamos eu e minha esposa bobeando pela Feira da Lua, sábado a noite, ali na Praça Tamandaré. O dinheiro já tinha acabado. Olhávamos uma barraca de santos de gesso. Era tudo que é tipo de santos: santos propriamente ditos, anjos e virgens maria. Santos de todos os tamanhos. Uma mulher efetivamente interessada num imenso santo, que talvez combinasse com sua sala de estar, então perguntou para a senhora que os vendia:

_ Que santo é esse aqui?

_ ...?

Ela olhou, examinou a parte inferior da base, pediu licença e olhou a bunda do santo. Nada do nome do danado. Então respondeu:

_ Mer... A senhora me desculpe, mas eu não sei qual é o diabo desse santo!

A mulher que comprava nem se deu conta da blasfêmia. Mesmo ignorando a identidade do ícone, o comprou e levou enrolado num jornal, bem nas páginas de notícias criminais. Então ela foi embora com o diabo do santo todo enrolado, cuja vocação era virar enfeite de sala de estar.