Vermelho

Pensei ser só uma boca, mas era rubra; vermelha. Aí tudo ficou escarlate, vi sangue nos seus olhos. Sua face se desfez em uma aquarela de palhetas de sangue. Seu lábio mordido, generoso sempre. Cabelos negros. Como não seriam? E sua tez macia, seu colo sempre distante, apesar de próximo. E são tantas misturas de cores, mas sempre o vermelho.

Um corpo vermelho.

Um jeito vermelho.

Pele vermelha.

E fez meu horizonte se tornar rubro. A morte rubra.

Copos.

Gente.

Baile.

O baile da noite rubra.

Sem intenção tornou tudo vermelho. Coloquei papel celofane vermelho nos olhos.

Vi-te sangrar. Era tão vermelho. Cobria seu corpo reto, mórfico, seio branco com pontas rosadas; Eram flores vermelhas.

Teu gosto vermelho. Você falou que era um demônio, eu pouco sabia de céu.

Escorre sangue dos meus lábios. É sua pele mordia, seu quarto agonizado, sua vida refeita em sangue.

E seu gosto de terra, de ferro e de mulher na minha boca ficaram.

O baile segue, na noite da morte rubra.

Rodrigo Sanchez
Enviado por Rodrigo Sanchez em 13/12/2019
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