Tatá na Jaguaribe 38

O domingo foi de visitas, muitas visitas. Tatá compareceu para ver o avô na segunda, a pulsação estava muito baixa, não alimentava mais. Ficou pouco com o avô, seu limite havia chegado. Naquela mesma noite, pela madrugada, acorda por volta das quatro horas da manhã com o celular tocando. Quando toca na tela para deslizar o dedo para o atendimento, inverte a posição e desliza ao contrário, manifestando reação reversa, encerrando a ligação. Intuiu ser más notícias do avô.

Fez a leitura do número discado, identificou-o como sendo do Hospital onde o avô estava internado. Recordou que havia deixado o seu número de celular entre os demais da família para contato.

A voz interior noticiou, era o comunicado do falecimento do avô.

Ao invés de retornar a ligação para o Hospital, Tatá disca o número do celular para Anunciata, recebe chorando a ligação, confirmando o óbito do avô.

A cuidadora, que estava no terceiro dia fazendo plantão noturno, na companhia com o avô Benito, percebeu que a pulsação do avô estava diminuindo, pediu que a médica plantonista fizesse a ausculta.

Contara, a cuidadora, que a médica, ao fazer a ausculta dos batimentos cardíacos, segurou a mão do paciente, pôde perceber que o coração foi parando de bater.

Pouco mais de quarenta e oito horas depois de ungido, Sr. Benito havia partido.

Quando ouviu a fala da prima comunicando o óbito, viveu o arrependimento, não somente ela, como a prima que falava ao telefone, os familiares que poderiam estarem presentes na hora do falecimento.

O processo de sofrimento da família, envolvia o conflito entre a agonia e o amor pelo do avô na doença, levou a exaustão emocional, tornando-os incapazes de nos últimos dias de vida do avô, estarem vinte e quatro horas no Hospital.

Ôooo!! Sobretudo, mesmo e apesar de tudo, porquê não eu? segurando a mão do avô? Disseram: Tatá, Anunciata, Andreata e Bibi!! Mas as coisas são como são. Acontecem. Aconteceu como deveria ser.

Escolheram um caixão majestoso, entalhado em madeira, no tom caramelo, trabalhado em todo entorno. Que difícil, escolher a roupa, o caixão, as flores para colocar sobre o corpo, lidar com todos os trâmites para o velório e o sepultamento.

O terno que ele mais gostava, cinza claro, de uma costura refinada, camisa clara; fora a roupa que levou como última troca no corpo físico no ataúde. Era a que ele iria no casamento do bisneto. Não pôde ir há época, porque estava internado por conta de uma descompensação cardíaca-renal.

Foram para o velório da cidade onde o avô morava. A funerária chegou pouco depois que a família.

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 02/10/2019
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