ENCONTRO ENTRE A GULI E AVA

Certo dia encontram-se no Shopping duas amigas que a tempos não se viam, pois cada qual estava comprometida com seus afazeres que não sobrara mais tempo para um cordial encontro. Porém naquela sexta-feira por uma casualidade encontraram-se num restaurante onde Guli saboreava um suculento prato de massas acompanhado de molhos exóticos, que parecera estar demais saboroso tamanha era sua volúpia em degustá-los. Na mesa ao lado encontrava-se Ava degustando um simples PF sem algum acompanhamento, pois era o que bastava para seu sustento. Entre olhares e outro, Guli a convida para sentar-se junto a si, afinal ambas estavam só em suas mesas sem diálogo algum. Convite aceito, ambas iniciam uma conversação.

- Minha amiga Ava, quanto tempo não nos encontramos estava com saudades de ti, menina. Como tens passado? Muito trabalho? Muito dinheiro na bolsa?

- Minha querida Guli, ultimamente ando muito preocupada com os rumos da minha vida. Tenho perdido muito dinheiro em minhas aplicações, evito de gastar, aliás só compro realmente o que é necessário e olha lá. Em casa estou controlando tudo. Carrego na minha bolsa a chave da despensa. Comigo é assim: se alguém necessita algo na cozinha, seja um ovo, uma batata, uma lata de azeite tem de pedir para mim, é o jeito que encontrei para controlar as despesas.

- Querida Ava não estás exagerando? Deus me livre se isto acontece comigo. Na minha casa os armários não têm portas, tudo está à disposição. Faltou, vai lá e pega. Tem cabimento eu controlar um ovo, uma batata, capaz. O pessoal lá de casa me chama de mão aberta e é assim que me sinto. Detesto controlar as pessoas e os meus gastos.

- Discordo totalmente de ti, querida. Temos de controlar tudo, evitar gastar. Minha prima Sober costuma falar que o dinheiro foi criado para ser guardado e não para gastar, desta forma conseguimos manter nosso dinheirinho conosco sem ter de dividir com ninguém. Sabe, é muito chato e triste ter de dividir nosso dinheiro com alguém. Eu evito de sair de casa para não gastar. Me diga, para que um prato deste tamanho, se podes te satisfazer com um terço desta quantidade? Pelo jeito gostas de rasgar dinheiro.

- Estás enganada. Eu não rasgo dinheiro, eu me alimento bem. Gosto de comer bem. Necessito saciar minha fome, por isto não me preocupo em gastar. Meu corpo precisa de alimento suficiente para seu prazer. Chego a pensar que minha colega Inve sente certo ciuminho de mim por estar sempre degustando novos sabores, sabe estas novidades que vez ou outra surgem nos forçando a degustá-los. Me conheces bem, sou louca por comida.

- Louca não, és doente isto sim. Eu hem... quero distância. Onde for necessário gastar, estou longe. Não gasto minhas economias assim tão fácil. Outro dia a Pre veio me pedir dinheiro emprestado, mas sabendo de sua realidade neguei o empréstimo. Falei na tampa: menina toma jeito e vai trabalhar. Como podes me pedir dinheiro emprestado se não és muito chegada ao trabalho, tua família te sustenta. Evidente que eles não vão pagar tuas dívidas. Eu trabalho muito para manter o meu dinheiro, não vou ficar doando para os meus amigos, não é mesmo?

- Qual foi a reação dela?

- Ficou uma arara. Perdi uma amiga, mas não perdi meu dinheiro.

- Lembras da minha prima Lux?

- Se bem me lembro, é aquela menina que viajou com uns amigos em busca de aventuras, sem nem mesmo conhecê-los. É desta que estás falando?

- Sim, esta mesmo. Minha tia Ira ficou possessa quando soube do acontecido, coitada até hoje não perdoa sua filha. Desde pequena Lux sonhara em ter uma vida fácil, onde alguém oferecesse a ela luxo, festas, orgias. Agora crescidinha tomou asas e voou em busca de seus objetivos. O pior é que ela nunca vai sozinha, carrega consigo muitas pessoas que pensam e agem como ela.

- Eu não entendo o porquê de tua tia agir desta forma. Desde pequena já se percebia o que Lux desejava para si, aliás ela nunca escondera tais vontades. Algumas vezes falara para mim e eu sempre alertando-a não tomar este caminho pois sabia que sua mãe não aprovaria tais atitudes. Uns tempos atrás, Pre tentou se aproximar de Lux, porém esta não aceitou entendendo ser mais uma para a participar do grupo, porém sem nada a oferecer. Minha amiga, sem dinheiro não se faz nada e a Pre, diga-se a verdade não tem onde cair morta...

- Pensando bem, a conversa está legal, afinal tempos não nos encontrávamos, no entanto, nós todas estamos no mesmo barco. De nada adiante falarmos da vida alheia se nós somos iguais, cada qual com seus pecados, não é mesmo? Na verdade, todas necessitamos de ajustes. Eu, tu, Sober, Inve, Pre, Lux, Ira, todas temos de nos lapidar, afinal estamos num mundo repleto de contradições onde cada um consegue olhar somente para o seu próprio umbigo, esquecendo que existem outras pessoas lá fora a serem compartilhadas, amadas, perdoadas, ajudadas etc... vivemos nosso mundinho e esquecemos do mundo lá fora, não é legal esta nossa atitude para com os outros. Temos de tentar mudar o rumo das pessoas, primeiramente arrumando nosso interior.

- Tens razão, vou tentar...

Valmir Vilmar de Sousa (Vevê) 24/07/19

valmir de sousa
Enviado por valmir de sousa em 25/07/2019
Reeditado em 25/07/2019
Código do texto: T6704475
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