A balzaquiana que se achava patricinha

A Fazendinha realmente é um lugar hilário, onde os personagens querem ter aquilo que não tiveram como forma de compensar os recalques do passado.

Um destes personagens é a açougueira da pradaria, que tinha a mania de desfilar seus looks bregas, e seus produtos paraguaios, ou melhor, a enteada de Pigmeu, a boa e velha Pigmeu, que anda pelada pela Fazendinha, clic, clic, clic, mostrando as muxibas para aqueles que não querem ver.

A Açougueira que teve uma infância pobre e confusa devido às desavenças parentais, tenta no presente com seus looks bregas compensar o passado, criando um mundo que só existe em sua cabeça de pano esvoaçada.

A última desta distinta é querer ser uma patricinha, mesmo sabendo que não tem condições econômicas para isso, e nem mesmo beleza para tanto. Para se chegar a esta conclusão basta olhar sua napa, semelhante a uma batata, e a localização de seu mocó.

Mas se não bastassem estes dois fatos a Açougueira se esquece que está mais para balzaquiana do que para patricinha, mas ao que parece tenta correr atrás do tempo perdido e sofrido.

Uma melhor jovem, bonita, bem sucedida, que sabe se vestir, costuma ser chamada de patricinha devido à condição que ostenta, mas este não é o caso de Açougueira, mulher velha, feia, moradora de periferia, e rodada como diz a música sertaneja.

Ademais, não basta apenas ser patricinha, é preciso ter um clã estruturado, onde os ascendentes sejam distintos, e não vivam de golpes, ou atentem contra a moral e os bons costumes andando pelados pelas vielas, clic, clic.

Infelizmente nem tudo que se sonha se torna realidade. Mas às vezes é melhor a falsa ilusão do que a depressão ao lembrar o triste e caótico passado marcado pelos barracos e loucuras de sua madrasta favorita, a Pigmeu.

Mas a vida é assim. Defeitos nos outros esquecendo de olhar a napa de batata que está bem de frente, e impede muitas vezes de conseguir um mauricinho.

Afinal, falsa patricinha é igual produto paraguaio, serve por um tempo mas depois perde a validade.

Por isso, cada um deve ter plena ciência daquilo que é antes de se preocupar com o outro, e ficar pregando falsos moralismos.

E assim segue a Fazendinha, um lugar especial, ou melhor, um cortiço, onde alguns se preocupam com a vaidade, mas antes deveriam se preocupar em conseguir um lugar melhor, mais próximo de seus sonhos.

Afinal, Patricinha mora é na zona sul e não em locais populares, sem estrutura. Assim, ao invés de ficar no bla bla bla, se não tem beleza pelos menos busque coisas chiques, como por exemplo, um mocó de qualidade. E assim segue a vida na Fazendinha.

Proibida a reprodução no todo ou em parte sem citar a fonte em atendimento a lei federal que cuida dos direitos autorais no Brasil.