1910 !!!


             1910, estava eu a caminhar pela Avenida da Paz, em frente à  praia, cidade de Maceió,  Estado de Alagoas. Meu relógio marcava 23:00hs, era o dia 29 de dezembro daquele ano. Noite chuvosa e fria, poucas pessoas ali transitavam, algumas protegidas pelo guarda-chuva, umas outras amparavam-se sob as marquises das poucas lojas existentes – eu era um daqueles que não tinha o guarda-chuva. Estava esperando a chuva passar quando de súbito,  notei que ao meu lado, encostado na parede da loja, estava um senhor, o qual apresentava idade já avançada  - eu tinha mais precisamente 22 primaveras.
            Aquele senhor não me olhava, ele estava de cabeça baixa e pensativo, eu sentia, vez por outra sua respiração profunda e ofegante. Fiquei por demais preocupado e tentei ter com ele uma conversa... eu queria ajudá-lo,  caso ele precisasse,  porém,  minha tentativa foi infrutífera,  pelo fato de ele não responder a minha indagação, perguntei se ele precisava de algo.  
          Ali permaneci por vários minutos, mas sempre observando aquele senhor. Tempo depois a chuva parou,  momento em que ele, mais uma vez respirando profundamente, olhou para mim, fitou-me nos olhos e disse: “ Estou indo, obrigado pela preocupação, mas estou bem", em seguida, sem que me desse chance para retrucar ao que ele dissera, ele, o senhor, dali saiu lentamente,  a passos curtos, com as mãos nos bolsos do casaco  e, mais adiante parou e novamente falou: “ Meu jovem , a noite é uma criança, nada adianta essas suas andanças, muito tens a aprender, por isso digo a você que a vida aqui é curta,  passei muitas noites assim como você,  andando sem um destino certo, tudo para mim era incerto, daqui já parti faz muitos anos, porém ainda não aprendi e vivo assim tão infeliz, ligado à esse mundo material. Não se assuste, ao acordar recorde dessa noite e, escreva  apenas escreva e ore por mim, porque sei que suas preces irão me ajudar muito e irei descansar dessa caminhada que não me leva a nada, mas também sei que serei resgatado, tratado das minhas feridas e irei galgar,  quiçá,  outros degraus  na esfera evolutiva da vida espiritual. “.
             Acordei,  o dia estava ensolarado e os pássaros cantarolavam  nos galhos das poucas árvores existentes em frente a minha morada, então, rapidamente orei com muito fervor para aquele senhor e escrevi, agradecido pelo muito que ele me ensinou.



16/03/2019



JOSÉ RODRIGUES 
JOSÉ RODRIGUES
Enviado por JOSÉ RODRIGUES em 16/03/2019
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