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  CAPÍTULO IV (...EPÍLOGO...)

    Vitória sentiu um cheiro muito forte de fumaça e madeira queimando e ficou aterrorizada. Imediatamente empurrou o pesado móvel que estava atrás da porta e que impedia que ela pudesse ser arrombada. Em seguida dirigiu-se até a cama onde estava Quêta e a arrastou para o chão.
   
Sacudindo sua cabeça com insistência e aos gritos fez com que ela acordasse e se levantasse. Elas tinham que sair dalí o mais rápido possível. Desceram as escadas aos tropeções e horrorizadas perceberam que a sala estava tomada por uma intensa fumaça escura.
   
Vitória também percebeu que havia um corpo de homem caído próximo a parede, do lado oposto onde as cortinas ardiam em chamas.
   
Conseguiu empurrar Quêta para a rua e voltou para arrastar o corpo de Bernardo. Faria o possível para impedir que ele permanecesse ali e morresse queimado...

   
Uma guarnição do Corpo de Bombeiros já estava a caminho, juntamente com uma ambulância. A polícia estava presente e os patrulheiros cercavam o local afastando os curiosos daquele lugar que já era um autêntico braseiro...

  
Vitória tentava desesperadamente arrastar Bernardo para fora da sala. O calor era insuportável e ela só via um pequeno clarão a sua frente, que imaginava ser a porta da rua. Faltava pouco para se salvarem quando levou um susto tão grande que não conteve um grito agudo. Uma enorme viga de madeira caiu bem a sua frente impedindo a saída...

   
Quêta estava sendo atendida por uma enfermeira. Ela respirava com a ajuda de um tubo de oxigênio. Sentia fortes dores no peito e estava deitada numa maca dentro da ambulância. Um médico estava ao seu lado.
   
Súbito Quêta levantou-se e com os olhos arregalados perguntou por Vitória. O médico saiu rapidamente da ambulância quando soube que Vitória e um ferido tinham ficado dentro da casa que já estava quase que totalmente em chamas...

   
Do grupo que invadiu o prostíbulo de mamãe Quêta, Gustavo era o mais novo e o mais arrependido. Logo que chegou a sua casa acordou seus pais e aos prantos contou o que tinha acontecido. Sua mãe abraçou o filho e também começou a chorar. O pai pegou o telefone e discou para a polícia...

   
Os bombeiros tiveram enorme dificuldade para dominar as chamas e apagar o incêndio. Enquanto mais um caminhão pipa chegava ao local, o comandante da operação e dois soldados entraram no que sobrou do recinto à procura de corpos...

   
O dia amanhecia quando a polícia bateu a porta da casa de Gustavo. Ele dormia quando foi algemado e conduzido a viatura. Enquanto isso seu pai, pesaroso e muito sério, ligava para o advogado da família... 

   
Sua primeira visão foi a de vultos totalmente vestidos de branco. A visão embaçada não lhe permitia saber com clareza onde estava. Tinha a sensação de estar deitada numa cama. Ouvia vozes ao longe. Seus pensamentos foram interrompidos quando um jovem médico abriu seu olho e passou a examiná-lo com uma pequena lanterna...

     
SEIS MESES DEPOIS...

   Quêta  estava sentada numa cadeira de balanço na varanda da sua casa. Nova casa aliás. Espaçosa, confortável, situada num bairro próximo ao centro da cidade onde tinha acontecido o incêndio que quase arruinara sua vida.
     
Duas  das meninas que trabalhavam com ela no prostíbulo lhe faziam companhia. Estavam preparando um almoço de gala, pois receberiam visitas importantes. A casa tinha sido doada, com registro em cartório, pelo pai de Gustavo. Era uma forma de tentar reparar os danos que o tresloucado filho lhe causara.
   
 O filho e os outros envolvidos  cumpriam pena de cinco anos por danos corporais.
   
Quêta interrompeu seus pensamentos pois um carro acabara de parar em frente a sua casa. Dele desceram Vitória e Bernardo.
   
O principal motivo daquele almoço, que enchia de alegria e orgulho o peito de Quêta, era pelo fato de que Bernardo vinha pedir a mão de Vitória em casamento...

  
LEMBRANÇA DO INCÊNDIO...

   Vitória e Bernardo, que já tinha despertado, tossiam muito e a jovem, sem forças, desfaleceu nos braços de Bernardo. Ele, levantou-se com dificuldade e preparou-se para sair quando dois pares de mãos com grossas luvas vieram ajudá-los. Os bombeiros resgataram o casal antes que o teto da sala desabasse completamente.
  
Dali eles foram levados para o hospital mais próximo. O jovem se recuperou mais rápido e nunca mais deixou de manter contato com Vitória.
   
Numa bela noite de luar, ele sentou-se na cama e olhou muito sério para Vitória. Em seguida ela começou a chorar.
   
De felicidade, claro, pois Bernardo tinha acabado de perguntar se ela queria se casar com ele...

                   
FIM


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              ...os capítulos foram publicados originalmente de 17 a 20/04/2009...









(.....imagem google.....)
WRAMOS
Enviado por WRAMOS em 13/06/2018
Reeditado em 13/06/2018
Código do texto: T6363173
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