A mulher da academia

Desceu do carro, falou alguma coisa ao motorista e o mandou ir embora. Entrou na academia, deu um bom-dia charmoso e bem demorado. Os mais desejosos olhares a perseguiam. Foi ao escritório e fez sua matrícula. Usava um calça legging azul marinho, bem coladinha, o que fazia com que deixasse a saber que tinha dois belos pares de pernas... e que pernas!

Começou seus exercícios sem trocar uma palavra com ninguém. Apenas sorria com seus dentes brancos e seus lábios salientes e carnudos. Vez ou outra lançava sobre os homens um olhar desconfiado, com seus olhos verdes. Minutos depois chega Guto. Guto era o mais bem aplicado aluno da academia, fazia questão de contar o sucesso que fazia com a mulherada (e de fato não era mentira, só namorava belas mulheres). Ao começar seus exercícios logo notou o que jamais poderia passar despercebido, logo tratou de mostrar interesse. Procurava as atividades que ficasse visível seus braços e pernas musculosos. Sem deixar de dar uma encarada na moça. Mas ela pouco lhe correspondia ou pouco o notava, o que o deixava bem irritdado.

Depois de um tempo, Guto procurou se aproximar, foi fazer atividade bem ao lado da bela mulher: “é a mulher que pedi a Deus”, disse baixinho para si mesmo, “tem que ser minha”. Mais por sua beleza do que pela presteza nas palavras, dificilmente era rejeitado por uma mulher. As vezes, por soberba, nem precisava falar muita coisa, e tinham várias que cediam. Por tanto, tinha tudo para crer que esta também seria fácil.

— Opa, deixa que pego para você — pegou o lenço dela antes que o mesmo tocasse o chão. Ela não o olhou nos olhos, apenas agradeceu de forma seca:

— Obrigado, moço!

— Você é nova nesse horário, sempre venho e nunca te vi...

— Sim, comecei hoje.

— Esta academia é uma das melhores da cidade.

— Por isso que escolhi a mesma, ouvi bons comentários.

— Você é solteira?

— Qual a importância da minha resposta?

Depois de um gaguejo, disse: — Nenhuma!

— Então já que não tem importância...

— Você além de linda é inteligente, proseguiu ele.

— Grata. Você também tem excelentes dotes físicos tangente ao estereótipo taxado por nossa sociedade.

Ele franziu a testa. Ela continuou:

— Você tem namorada?

Franziu a testa mais ainda estranhando a pergunta:

— Sou solteiro — deu um sorriso. “Essa já era...tá no papo”, pensou.

— Meus exercícios terminaram por hoje, vou indo!

— Ué, mas já?! Permita-me pagar ao menos um suco na lanchonete aqui em frente.

— Ficaria agradecida, enquanto chega meu motorista.

Bem, aí as cantadas não cessaram. Já na lanchonete.

— Você é lindissima.

— Obrigada!

— Imagino que deve ter muitos homens interessados em você.

— Quais premissas te levam a essa assersão?

— Ué...pelas premissas dos olhos. Ela deu uma leve risada. Gostaria muito de sair com você, topa?

— Não posso!

— Por que?

— Obrigada pelo suco e por sua gentileza.

— Não vás me dizer o porquê.

— Porque meu motorista chegou e você não faz meu tipo (como dizem).

— Ué!

— Não acho bonito homem malhado e raso de ser.

Ele permaceu na lanchonete enquanto ela entrou no carro e foi embora sem olhar para trás.