O Sonho de Pedro
Pedro sempre corria mais que os outros. Era o mais esperto, mais malandro. Cruelmente menino. Vivia de falar frases esquisitas que inventava; “O olhar bem dado espanta até mosquito; “Olho de vesgo olha pra tudo”, “Quando olhei pra moça ela já tinha passado”. E era sempre de olhar, sempre de ver.
E jogava bola, fugia de vizinho, sujava na lama, ralava o joelho. Podia tudo, nada parava Pedro. Nem resfriado, nem dor de garganta. A mãe sempre o prevenia:
--- Macaco que pula quer chumbo.
No que Pedro prontamente respondia
--- De tanto pular o chumbo não pega.
Foi num dia qualquer, de sol esquisito, de esquina parada. Era um dia qualquer, de chuva parada e avenida corrida. Nesse dia que Pedro viu Ana.
Ana era esperta, arteira. Nem sabia de Pedro e nem corria perigo. Chutava despretensiosamente uma tampinha de garrafa.
Ele se apaixonou por Ana naquele dia. Tinha o peito quente e os olhos de estrela. Então disparou a seguinte frase que jamais esqueceria:
--- O sonho de todo garoto é ser a tampinha chutada por Ana.