O peixe

Após toda a angústia da galinha, lutando por sua sobrevivência, para que não virasse o almoço daquele domingo, João e Joana decidiram que não mais comeria carne de espécie algum, seus pais - os politicamente corretos - respeitaram suas decisões.

No primeiro sábado após a semana angustiante da galinha, João e Joana decidiram que criariam um peixe, pois sabia que, por mais que seus pais quisessem, o bichinho de estimação não viraria o almoço daquela família um dia.

Sendo os jovens indagadores, qualquer situação que não fosse cômoda à família amedrontavam aos pais, pois estes sabiam que os adolescentes não se acomodaria co quaisquer posições vidas deles.

Rotinamente, ia à escola com o mesmo ímpeto que os faziam respirar, discutiam sobre assuntos um pouco avançado para suas idades, dividiam segredos e perdiam-se em seus próprios questionamentos.

Quando anunciaram aos seus pais que comprariam um peixe, não houve objeção alguma, pelo contrário, levaram-nos à feira e compraram dois, um para cada (um vermelho e um amarelo). O que incomodava aos pais era os peixes serem hermafroditas, salvo isso, não houve problema algum.

Na volta para casa os meninos encontrara um gato preto e decidiram levar para casa. Os pais não foram resistentes, no entanto, entreolharam-se e viram no gato a solução para os peixes e pediram para nomeá-lo.

Sem prolongar, João e Joana concedera-lhes a satisfação de nomear o gato e assim o chamara: Zeus.

Ao chegar em casa, acomodara os peixes no aquário, enquanto Zeus admirava sagazmente a cena. O gato fazia plantão sobre o sofá admirando a beleza dos peixes e pensando em como salvaria os pobres hermafroditas.

Durante o dia, João e Joana estava na escola e Cleunice - a mãe -, tirava os peixes do aquário e os deixava sobre a mesa por trinta segundos - por serem hermafroditas. Essa prática agonizava os peixes.

Por seis semanas, Cleunice tirava parte da felicidade dos peixes. Os peixes, coitados, não entendiam o porquê da atitude do monstro, salvo serem hermafroditas, mas essa foi uma condição imposta pelo Deus a que eles tanto tinham devoção.

Apesar de todo o massacre, os peixes procriaram e, quando os ovos se escaqueiraram, enchendo o aquário de outros tantos peixes, a senhora prolongou a rotina de tortura. Os filhotes não resistiram.

Com isso Clementino - o pai - começou a acompanhar sua esposa a maltratar e começaram a sentir prazer nisso, não aceitava dois peixes machos procriarem.

Cleunice começou a deixar os peixes no chão, próximo a Zeus para que ele os curasse, as o gato nada fazia, pois a dona lhe assustava.

Depois de quatro meses os peixes não ais suportavam o massacre e decidiram suicidar-se.

Cansado de tudo, decidira pular do aquário. O vermelho acreditava que isso não era uma solução e decidiu suportar o quanto fosse necessário e o amarelo - o alegre - respeitou, mas não mudou de ideia.

Logo que amanheceu, pulou do aquário, agonizou por alguns minutos, debateu-se por quase dois minutos, Mas João o salvou. No outro dia repetiu o ato, mas Joana o salvou. Repousou no aquário pela manhã e lembrou que muito cedo, sempre haverá um dos jovens lá para salvá-lo, pensou e decidiu que pularia no outro dia, no entanto, uma pouco mais tarde, depois que as crianças tivessem ido à escola e assim o fez.

Quando a lua do domingo deu espaço ao sol da segunda, o peixe, mais uma vez pulou do aquário, dessa vez não havia João e Joana para salva-lo, então debateu por seis minutos, arrependeu-se por ter pulado aquário a fora, mas foi e vão. Agonizou por mais cinco minutos, até que Zeus, o gato da família, o salvou.

Gilson Azevedo
Enviado por Gilson Azevedo em 15/01/2018
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