Um Ponto de Luz

Acordando em seu quarto escuro ascendeu os olhos e iluminou as paredes de sua vida...

Percebeu que estavas só na penumbra das lembranças e sentiu-se tranquilo e seguro...

Fora o medo perseguia a sua angustia e seus passos trilhados em abandono que seguia...

Sua casa construída com suas próprias mãos pintada pelos pincéis de seus sonhos e redecorada com suas realidades.

Lar dos encantos e emoções álbuns de família e quadros raros em preto e branco...

Oito janelas devidamente fechadas e cinco portas envernizadas com o mais laqueado dissabor amargo da vida...

Enquanto isso a vida exterior não penetrava em nenhuma fresta do seu aconchego...

Sufocado o amor interno e protegido pelas ilusões e felicidades como estado de espirito...

E assim crescia os sentimentos em toda sua casa decorando seu lar...

Seus amigos e conhecidos chegavam até a porta sem convite para entrar neste mundo somente seu...

Neste lugar ele era o espectador e fora usava sua máscara de personagem exterior na grande peça teatral do mundo...

Um coadjuvante do seu espirito e crítico possessivo da alma humana...

Em sua casa amava as flores e fora dela queimas valores do amor...

Em seu descanso lapidava com tristeza as dores antigas e alimentava a esperança com pedaços de retalhos de sua vida e um costureiro do tempo bordou suas colchas para os frios futuros...

A fome era alimentada com pedacinhos de boas saudades seu prato preferido...

Açucarado o pão de mel-ancolia sobre a torrada paixões fabricado com trigos férteis do abandono...

Respirava com sofreguidão ares opacos da magia cruel do não...

Adormecia ao som do deserto na madrugada fria encolhida...

Quando certa manhã um furo em seu telhado, pequeno o dia surgiu iluminando seu sono...

E não acreditou naquela luz entrando sem o convite e cobriu seu corpo e olhos afastando-se...

Mas logo o furo brilhou em seu pensamento e aos pouco foi cedendo a outro principio...

Diferente de sua rotina segura e passou a fugir da luz, mas algo lhe puxava para ela a sua vontade...

Foi quando tentou abrir a porta para descobrir que luz era aquela não conseguiu, chamou vários chaveiros para tentar descobrir o segredo da fechadura de suas portas e nada...

Estava ele trancado em seu próprio lar sem a conquista e a sabedoria de outras culturas e línguas...

Desesperou-se...

Até entender que em suas portas não tinham maçanetas, esqueceu-se de coloca-las...

E a luz permanecia querendo entrar, mas ele ficou parado sem reação e aceitando a fiel luz apenas pela freta em seu telhado...

E na realidade maior não tinha janelas...

Fechado dentro de si...

Foi definhando e nada fazia com que ele se movesse ou decidisse como sair...

Não que a luz lhe importasse tanto, mas o desejo de um novo e radiante sentido havia infiltrado em seu mundo...

Pegou todo o mobiliário, mesa cadeiras, estofado e foi empilhando até chegar ao ponto de luz em seu teto...

Colocou seus olhos naquele buraquinho de luz e percebeu que estava fora daquela casa e que enxergava outra pessoa dentro da casa e que entrava com sua luz, o brilho dos seus olhos e a paciência do seu amor e estava com ela sempre...

Pois o amigo é a luz e a maçaneta da porta...

CARLLUS ARCHELLAUS
Enviado por CARLLUS ARCHELLAUS em 12/01/2018
Código do texto: T6224294
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