Sob O Signo Da Gaita

Foi num tempo em que todos viviam em paz.

Acabava de completar seus modestos vinte e cinco anos.

Vivia só. Mas, tinha uma gaita em Sol que herdara do avô.

Tocava-a diariamente com inimaginável maestria.

Era de suas,... digamos..., conversas, com o instrumento que brotavam as mais belas melodias até então ouvidas em todo o Planeta.

Um dia, entraram-lhe na casa.

Nada fora roubado. Exceto a gaita.

Foi a primeira vez em que a nódoa do pranto se depositou sobre o acetinado coração do músico.

Silêncio. Foi o que procedeu dos lábios do rapaz desde então.

Silêncio. Foi o que ecoou pelos vales sem fim do Mundo a partir daquele dia.

No dia seguinte, o Globo amanheceu diferente.

O amor sedia espaço a todo tipo de indiferença.

Guerras eclodiam cruéis, rápidas e sem razão.

Ainda hoje, o rapaz espera que alguém lhe venha devolver a gaita.

Ainda hoje, a falta da sua canção envilece o mundo.

Hebane Lucácius