CRIADO MUDO

Uma toalhinha com tecido de algodão e detalhes feitos à mão, com biquinhos de barbante branco bem fininho que saíram das agulhas de vovó.

Uma florzinha feita de papel crepom cor de rosa, uma linda flor bem no meio!

Um prendedor de cabelos já meio estragado, que vovó chamava de ramona.

Uma vela meio gasta sobre um pires branco, com uma rosinha vermelha de um lado.

Um terço com as contas gastas e com a cruz faltando um braço.

Uma gaveta quase sem tinta, oleosa devido aos dedos que nela tocaram.

Uma porta maior que servia para receber os sapatos e chinelos precata de vovó e vovô.

Ali estático ficava o criado mudo da vovó.

Ao lado da cabeceira da direita da linda cama feita em madeira maciça, onde tantas e tantas noites adormeceram vovô e vovó.

Criado mudo! Fazia jus ao nome, pois no silencio das horas, ele ficava ali para ser percebido ou não por quem no quarto entrava.

Criado mudo, com sua cor já envelhecida, seu verniz bastante camurçado.

Quanta saudade do tempo de vovó!

De geração em geração você vai sobrevivendo.

Criado mudo, solitário no quarto penumbrado da casa de vovó.

Criado mudo, quantas saudades você me traz.

E isso aí!

Acácio nunes

Acácio Nunes
Enviado por Acácio Nunes em 04/05/2017
Reeditado em 04/05/2017
Código do texto: T5989401
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