Diário de um Enfermo.
Domingo-cão: barriga doendo, dor de cabeça, pinto duro e garganta inflamada.
Muito doente, só peço para me deixarem morrer em casa!
O pior de morrer é a incerteza se lá para onde a gente vai, se é que vamos para algum lugar, terá cerveja, garotas e rock n roll!
Internado aqui no HC e a enfermeira veio trocar o antibiótico. Pedi que me buscasse algumas cervejas e deitasse ao meu lado, e não é que a insensata me xingou de tudo quanto é nome feio! Falta de respeito para com um moribundo!
Humanidade fria!
Por aqui não chove há vinte e cinco dias. Febre interna, tosse seca, calafrios e desesperança. O caminhão soltou fumaça preta na cara da velha que empurrava carroça de latinhaa. O condutor ainda olhou para o retrovisor e riu. Não acredito em mais nada! O padre me veio com versículos da bíblia. Mandei-o à puta que pariu!
Pediu à namorada que buscasse remédio para gripe e um maço de cigarros. Ela se esqueceu do remédio.
O doutor Astulfo Carvalhada me disse agora a pouco que caso eu não morra até amanhã, poderei receber alta. Isso me animou a ponto de realizar dois sonhos materiais antigos: comprar um pendrive e uma capinha nova para meu celular.