O CAVALO CEGO E OS CHARUTOS CUBANOS:

JONACY LOPES-

O CAVALO CEGO E OS CHARUTOS CUBANOS;

Oia este negocio de fazer breganha as veis agente munta nu porco, e se for com os tali ciganos ai qui temos qui abrir o zoio, es é muito veacos, hehe

Sabe que uma certa veis eu tavo la na venda du ziquita tabajara, eu tinha aresorvido ir la nu vilarejo tomar umas margosas e ao memo tempo tentano vender uma sanfona 120 baixo, a sanfona era uma buneca di mercaduria, mais eu num aprendia tocar aquilo por nada nessi mundo, o trem erá negocia ela por uma traia apruveitave.

Num é que chego lá um bitélo di um cigano muntado nu lombo di uma mula baia, o trem bunito sô! a tali mula divia ter uns 8 parmo di artura, mais oque me chamo atenção e que ele arrastava na corda um cavalão parrudo trem di fazendeiro memo, bunito qui só.

Eu sabenu qui cigano é chegado numa breganha, fiquei matutano fazer um negucim cum ele neste interim arresorvi puxar umas prosas com o gajo.

Eu cheguei pro gajo cum coisa diquem num que nada e sortei essa:

_Qui cavalão bunito, massa este seu animali hein.hehe

Eu sabia que o tali gajo ia propor argo, só foi eu gava o bichão que o gajo me propois uma breganha, cigano vive disso memo.

Mardita hora qui invicionei nisto eu tavo ali buscano meu propri corvario.

O cigano falou assim:

_Bunito bom! e é pra breganha qual a traia o gajo tem a oferecer?

Eu matutei rapi:

To doidim pra dispo da sanfona e aqui vai sai negoço, então arespondi:

_Tenhu sim!

O cigano perguntou assim:

_ Deque traia me prosea o gajo?

Ai eu mais qui rápido falei, tenho uma gaita das boa!

Pidi pro Ziquinha pega a tali sanfona que ele guardou pra mim, fui mostrano ela pro cigano a bicha tava ate briando, e pra mode valorizar minha mercadoria imendei rapi:

_Esta sanfona é de estimação e boa di foli que só, afinadinha, afinadinha!!

O cigano interesso, e falou assim:,

_Ai sai breganha, gostei da gaita do gajo..

Tamem minha sanfona era uma maravilha um vermeio escama intremei um branco madre perola, novinha, novinha, chegava bria...

O cigano di zoio na minha sanfona, e du outro lado eu tava doido pra mi livrar da tali, e di certo que gostei do cavalão...

Pra sair du moía farofa eu dei entrado nu negocio e falei:

_Vamo fazer uma coisa na outra na oreiada.

Mais os tali cigano são veacos em breganha, o cigano mim arrespondeu asim:

_O gajo tem que mim vorta uma berinha, oia só que cavalo bunito chique nu urtimo, nois fais negoço só que o gajo tem que mim vorta 500 mili cruzeiros.

Eu tamem num era bocoió tentei adiminui um mucadiquim a proposta do cigano e falei minha oferta:

_Do 350 mili cruzeiros!

O danado do cigano arrespondeu negoço topado.

Mais eu muito veaco e sabeno qui cigano num da muro em ponta di estrepa, fui primero conferi pra ver se o cavalo tinha argum defeito.

Indaguei o tali gajo,:

_Seu cavalo ta perfeitim ?

O cigano arrespondeu:

_Este alazão é dus bons meu gajo.

E nas minhas oiada averiguei qui o tali cavalo num tinha nada de anormal as dentaduras boas bem carçadim, mas mesmo assim perguntei assim:

_O cavalo é bom di sela é bom de marcha ?

O cigano arrespondeu:

_Oia aqui gajo esti cavalo é novo um pordo, ele ainda num tá tortamente manso mais tamem num é brabu , da ate pra monta, só farta arguns repasses pra ficar dez.

Mas nas prosas adiante fiquei mei com a purga atrais da oreia o cigano falou assim o defeito deste cavalo ta na vista?

Eu perguntei como assim?

O danudo do cigano muito veaco mudou o intinerari das prosas e falou assim :

_Grande e bunito este bichão!

Fui dei a urtima conferida de modo que amarei us bigodes com o cigano e fechei a berganha, dei a tali sanfona e o cascai combinado.

O cigano me passou o cavalo e enfiou a mão no emborna tirou uma caxinha e falou isto é pra ti de presenti, eu indaguei oque era aquilo o cigano arrespondeu:

_ Isto é charuto Cubano.

Rapais o trem era uns toletes de cigarro que mali cabia nus beices, eu falei:

_Num sei fuma este trem não sô...

O cigano disgramou a mim insina como se fazia uso dos tali charutos Cubanos, falando assim:

_Charuto não é pra tragar é só jogar a fumaça na boca e da uma baforada.

Eu na reali nem tava dando ouvido pras prosas do cigano já tinha matutado di rasgar aquelas torras di charuto e fazer uns cigarros, eu eim como que o caboclo coloca uns toletes daquele nu beice.

O tali cigano pagou umas cachaças nois tomamos e ele foi embora, eu todo contenti fui embora puxano u cavalo pela corda mais eu arreparei que aquele cavalo num era manso, di veis inquando ele ameaçava da uns coicim umas rabanadas.

Cheguei em casa e amarei u bichão nu toco perto du paiole dei agua pra ele bebe tinha uma maçaroca di cana com farelo servi pra ele cumer, "e matutei" amanhã cedim vou dar uns repasses neste bichão pra ele ir amansano.

Quando u galo deu us primeiros abrido nu canto, levantei e fui correno la nu cavalo, eu fui apreparano o bicho e ele ficava mei arredio, mas como di fato coloquei a sela nele deixei ele apreparadinho pra monta, coloquei minha bota as esporas e falei nu pensamento: _ É hoje bichão que tiro minhas durvidas se ocê vai ficar bom di montaria...

Na hora que eu ia munta nu bicho vi pendurado no esteio os tali charutos Cubanos ai eu acismei di acender um tolete daquele e coloquei com muita dificurdade nu beice, muntei nu cavalo e sai com aquele tolete di charuto entremei os beices..

O bicho num tinha nada di manso ele discantiou pra la e pra ca, dava rabanadas e coices nu vento num arespeitava os comandos di rédeas.

Oia o bicho disparou pru lado da rimbaceira eu puxei a rédea e endireitei ele pra estrada, uma estrada di morro abaixo ele induricia o queixo, ai eu cismei di aperta o bicho, apertei a ispora nu subaco du danado, ai,aiai o bicho disparou sartanu ladeira abaixo ai eu inchuricei com aquilo e aperte a espora, num presto não, hehe, de tanto o cavalo da arranco a sela froxou, minino, meu pé xuxou entremei aquelas fivelas e ficou ali agarrado igual bebo na mão di sordado, a espora ficou xuxada na carne do bicho e quanto mais eu tentava tirar e que o bicho sartava morro abaixo.

Este trupelo só foi armentano o cavalo corria e sartava, corria e sartava, rodopiava igual boi di rodeio, di tanto que este cavalo pulava eu tinha sensação qui meu fiófó tinha escorregado la pra garganta e a garganta com língua e tudo tinha descido pro lugar do fiófó, minha perna agarrada nas fivelas eu pensava se eu cair vou moer todo no chão.

Certa hora eu dei um puxão na rédea e firmei e nada du bicho parar meu chapéu vuou pracima eu num sofoco daquele chapéu veio di paia era no momento coisa di menus.

Nu dizispero eu murdi naquele tolete di charuto Cubano que tava nus beices e firmei com força as rédeas, vixe as rédeas quebrou, pra num cai de veis eu meti a unha na cabeça da sela e deiteitei o estomogo na cacunda do bicho, nesta hora eu já era carona du danado..

O cavalo pulano feito doido eu num via a hora de esburachar nu chão, pra piora u tali charuto com o gorpi du vento já tinha queimado ate u sabuco e já tava queimando meus beices, o bigode já nem existia naquele rumo eu tentava guspi o tali charuto mais ele num saia u danado tinha colado na pele du beice, sorta a mão tamem num pudia.

E aquela labuta foi estrada abaixo, eu tentanu guspi aquele charuto di todo modo, foi ate qui consegui mi livrar du tali charuto na verdade num sei si consegui ou ele tinha acabado memo, eu levava a língua nu rumo que o charuto estava e sentia a ausência de uns dois dedo di bigode, sentia uma birosca nu lugar e ardia feito pimenta nu zoio..

O dizespero me trepo memo foi quando nos estava chegando nu fim da estrada la tinha uma cerca di arame farpado que dividia o fim da estrada com um capueral descampado eu imaginava que o cavalo ia parar por ali, mas nada du danado parar eu que já tinha rezado todo meu estoque di rezas e pedido a todo quanto e santo um milagre, fiz ate promessas das quais se eu não morresse eu prometia pagar..

Quando o cavalo ia memo bater na cerca eu fechei o zoio, matutano num ve a cara da morte.

Num presto não, nóis batemos na cerca nois vuamos nu are feito paina de algodão neste momento o pé escapuliu das amarras das fivelas, o cavalo foi pra uma banda e eu pra outra caiumus no mei di uma moita de aranha gatos, mas apesar du baque a moita de aranha gatos amorteceu a queda, eu fiquei uns 20 minutus pra recompor as sustâncias e levantar, eu tavo todo danado mancando di uma perna, o beice todo sapecado pelo tali charuto Cubano com uma birosca di uma banda e fartano uns dois dedos di bigode, ainda pur cima mais riscado de espinho de aranha gatos que bariga di muié parideira.

Depois du caso passado é que fui discobrir porque o raio du cavalo espatifou na cerca de arame farpado, quando o raio du cigano falou que o defeito du cavalo tava na vista num mintia, o danado du cavalo num enchergava um parmo a frenti du nariz. ..

Di tanta raiva vendi o tali cavalo por uma mixaria, o comprador veio me devorve o danado dizendo que o tali além de arisco era cego dus zoios, vai venu, hehehe

Mais a maçaroca maior é que daquela época praca eu praticamente vivo em romarias já conheci quais todas igrejas, quais todo dia me surgi na mente o nomi de um santo que nu dia du tropelo a ele fiz promessas.

Mas o mió memo é que num fumo charutos e nenhum tipo di cigarro, parei di fumar e hoje sou mais católico que o pároco da matriz, hehe