Sexta Feira 13

Sexta feira, final de semana, algum tempo atrás eu estaria seguindo com meus amigos para algum bar tomar umas que outras, botar o papo em dia falar de trabalho, conversar, mas hoje em dia este tipo de programa não me atrai mais, talvez porque os amigos que eu tinha e que eram parceiros sumiram ou melhor, na verdade, fui eu que me afastei, pois, minhas prioridades mudaram, em vez de certos amigos, optei por amigos certos.

Então troquei o bar pelas caminhadas, isso não significa que me tornei abstenico bebo socialmente, mas em casa, e hoje resolvi mudar meu trajeto os dias estão mais longos e eu gosto de caminhar, porem prefiro caminhar só, cantando, pensando, olhando a paisagem, hoje mesmo passei por uma pracinha que tinha uma arvore de Pau Brasil, gangorras e o meio fio da calçada era pintado de azul e branco e os bancos também, segui o caminho e quando cheguei a esquina, tinha que ser em uma esquina, na verdade era uma encruzilhada, já estava quase escuro e no lusco fusco do final do dia eu vi uma mulher em um canto da rua, conforme me aproximava comecei a observala vestia botas, calça Jeans preta , blusa vermelha, jaqueta tipo bolero preta com detalhes em vermelho e nos cabelos negros de um crespo graúdo tinha uma faixa também vermelha, brincos pingente dourados um colar longo, bolsa vermelha com detalhes em preto. Quando cheguei perto ela me perguntou:

_Tem fogo? _Sua voz era um pouco rouca, mas muito sensual, eu olhei para os lados, assaltos são comuns hoje em dia e uma bela mulher parada naquele ponto, apesar de ainda não ser noite fechada, é algo que preocupa como não vi ninguém saquei do isqueiro e acendi o cigarro dela, na chama pude observar seus olhos, adivinha, sim, verdes, iguais. Ela soprou a fumaça e agradeceu, eu já me dispunha a continuar meu caminho quando ela falou novamente:

_Desculpe, o senhor vai por esta rua? Posso acompanhá-lo? É que uns amigos ficaram de pegar e já esta ficando muito escuro para esperar aqui, se eu for com o senhor posso pegar o ônibus na avenida. Eu fiquei meio sem graça, mas como poderia dizer não? Respondi:

_Tudo bem, vamos. Começamos a caminhar, a rua era sem movimento e escura e eu pensando em algum assunto para puxar conversa, mas não me vinha nada à cabeça, para não falar do tempo o que geralmente acontece perguntei:

_Vai pra balada se divertir? Ela em vez de responder desatou em uma gargalhada que me deixou mais sem graça ainda e eu perguntei:

_Qual é a graça?

_ Desculpa, mas eu não acredito que você não saiba quem eu sou. Ela não me tratava mais por senhor e continuava a rir as gargalhadas e girar sobre si mesma e a minha volta, eu fui ficando zangado e disparei:

_Não, eu não sei quem é você, mas os seus modos se parecem aos de uma prostituta. _Ela parou de rir parou em minha frente e disse:

_Uma prostituta não meu caro! A rainha delas. Senti meu sangue gelar, agora eu sabia quem era ela, sua beleza seus olhos seu corpo me segaram eu havia observsdo suas roupas, mas não tinha associado às cores, vermelho e negro. Abri a boca para falar, mas ela levantou a mão e disse:

_Sei, você não me chamou, mas eu vim eu sempre venho nessas horas. Ela desatou a rir novamente as gargalhadas, de repente ela tinha uma garrafa nas mãos e bebia grandes goles e o excesso corria pelos cantos da sua boca, puxou outro cigarro que eu acendi como um autômato, ela deu varias tragadas bebeu novamente me encarou e falou:

_Você a quer? Eu a trago pra você, ela é uma mulher bonita, em seus sonhos ela é loura, mas você sabe que ela é morena como eu. Ela soltou outra gargalhada em quanto girava em torno de si mesma, eu sabia que ela podia fazer o que dizia, o problema era o preço, meu sangue já tinha voltado a circular apesar daqueles olhos me encarando e ela sabia do efeito que eles me causavam, pois segurou meu rosto e não me deixava desviar o olhar, juntando todas as minhas forças eu segurei seus ombros olhei no fundo dos olhos dela e perguntei:

_Quanto vai me custar? _Ela desvencilhou-se das minhas mãos virou as costas e disse:

_Você pode pagar.

_O que vai me custar?

_Só posso dizer depois que você desfrutar

_Isso eu jamais vou aceitar, alias, eu já tinha decidido isto só segui seu jogo para ver se era verdade o que me disseram, soube de casos em que seu preço era inaceitável, mas os tolos apaixonados enlouquecidos com sua oferta e cegos de desejo aceitavam e depois por não terem coragem de sacrificar o que você queria perdiam suas amadas que você as arrastava por vários leitos tornando-as perdidas e levando alguns a atentarem contra a própria vida. Não, não e não se for para mim um dia vira sem truques sem subterfúgios e se não vier não vou viver infeliz ficarei feliz sabendo-a feliz desista, vá embora.

_ Ela girou novamente sobre si mesma virou-se me encarou e seus olhos não eram mais verdes, eram negros e os globos eram avermelhados, ejetados, olhando pra mim ela fez um gesto como se contasse nos dedos bebeu novamente vários goles e sorriu, não gargalhou apenas sorriu e disse:

_Posso contar nos dedos quantos mortais tiveram este tipo de atitude e é primeiro em uma sexta feira 13, sabe eu até fico tentada a ajudá-lo, sei agora que seu sentimento é verdadeiro, mas você deve saber que eu não posso a não ser que você aceite meus termos, é a minha cina e eu tenho que a cumprir. Vá, vá embora cumpra a sua cina e se puder esqueça que nos encontramos esta noite.

_ Ela voltou pelo caminho de onde viemos e sumiu na escuridão e eu segui meu caminho, cheguei à avenida e ao passar por um carro ouvi a musica:

“De vermelho e negro

Vestida a noite o mistério traz

De colar de cor de brinco dourado

A promessa faz

Se for preciso ir você pode ir

Peça o que quiser...

Mas cuidado amigo

Ela é bonita ela é uma mulher

E num canto da rua zombando, zombando está.

Ela é moça e bonita girando, girando lá”. (Ângela Maria)

Eu não olhei para o carro e nem para trás depois que passei, mas resolvi que não vou mais mudar meu trajeto nas sextas feiras, principalmente em sextas feiras 13.

Ilson Rogério
Enviado por Ilson Rogério em 13/01/2017
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