AME.
No AME! vi uma senhora que me comoveu... Sozinha nas fileiras de espera, segurava com força um terço e rezava baixinho, olhando para o vazio onde o aparelho televisor tentava abafar a dor daqueles que talvez estivessem ali pela última vez.
Apesar do calor sua vestimenta era fechada como que lacrada contra o mundo exterior. Encarcerada em sua dignidade, seus colares e suas pulseiras de respeito denotavam amor próprio.
Lá fora, na rua e nas calçadas, parentes, amigos, comparsas e admiradores daqueles que precisavam no ‘outubro vermelho’, que sentiam dores ou que estavam no fim de suas primaveras, aguardavam amontoados nos pontos onde o sol não torrava. Sede, racionamento de copos descartáveis, filas... O fim dos dias sempre remontando ao cheiro da primeira infância, o cheiro da inalação, dos antibióticos, da química farmacológica. Voltamos àqueles odores na velhice! Não duvide!