Juvêncio

Calejada estava as mãos, ingeria o suor pela reação do tremor dos lábios desencadeado pelos espasmos da fadiga, que descia às escorreitas enquanto levava a enxada terra abaixo. No peito apagado foi a relação com a dor e o direito ao ser homem aqui, aquele que ouvia nos anos escolares na primeira infância, cantigas de amor, flor, festa.

Cerrou com sete chaves o coração quando dia a dia distava da possibilidade do sentar novamente nos bancos escolares e trabalhar a construção do próprio destino pelo conhecimento. Rugas, cabelos brancos e mãos calejadas denunciavam isto, além do anestesiamento patológico sedimentando a curiosidade do buscar o novo.

Horizonte agora é para ver se a chuva está se aproximando, quando chega, resta acuar-se entre os pés de café, e esperar.

Foi o menino que sonhou, tornou adulto do imediato, labuta para a compra da comida e bebida do dia. Sabe lá quando poderá abandonar a sina traduzida por Djavan"não ter, e ter que ter pra dar" e receber o prêmio do fim deste destino nefasto, sair deste mundo dos homens onde o vil metal decide se come ou não.

Sacode a poeira da calça e camisa todos os dias, veste a farda, e vai para a guerra; da sobrevivência, do endurecimento dos destinos, definidos pela garantia do básico, até o fim.

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 19/09/2016
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