Uma Rosa para Berlim - Lembranças: Não chore! 8.

O veículo trafega pela cidade. Vejo muitas pessoas chorando a procura de

entes queridos desaparecidos. Vejo a cidade totalmente destruída. Soldados rendi

dos com as mãos na cabeça. Erna chora e se abraça a Marija. Esta também chora

e eu começo a chorar. Penso em Maria klaff e em Nina Hübner e depois em Ina,La

le, Lili, Gerda Maria e Gerda Mende. Penso nas outras que se foram. Penso em Ru

th e em Klaus. Meus pais... Penso em todos e todas as pessoas que conheci.

E o veículo russo pára em um acampamento de soldados aprisionados.

Somos obrigadas a descer e seguimos a mulher. Ela conversa em russo com um

jovem militar e depois Embarcamos de novo e rumamos para o oeste de Berlim.

E somos levadas para um grupamento de mulheres. Estas estão removendo entu

lhos da cidade. E somos colocadas na parte de carregar água. E carregamos de

um cano estourado para uns barris de carvalho. Ao meio dia comemos e, ao fim do

dia, tomamos banho em uns chuveiros feito artesanalmente e depois passamos

por inspeção médica. Não sei porque tudo isso mas, parecem que nos querem

bem. Depois jantamos e dormimos no acampamento militar armado para nós. E

Somos vigiadas por um destacamento de infantaria. Nos guarnecem com muito

zelo. Fico olhando para tudo isso e relaxo pois, me sinto protegida. Erna e Marija

se juntam a mim e eu abraço Marija e falo :

- Vi muito desrespeito para com nosso povo mas...aqui a coisa parece honrada.

- Para que sejam honestos conosco, tem que nos explicar nossos direitos e o que

querem com todas nós. E isso não está claro ainda - Disse Erna me olhando - a

guerra terminou mas nosso suplício parece continuar!

- Algo me diz que vamos viver tentando nos esconder por algum tempo - Disse

Marija arrumando seu decote - vi quando alguns SS se esconderam entre escom

bros. Dá para perceber que não houve uma rendição total.

- Por enquanto fomos bem tratadas - Falo olhando um grupo de soldados que nos

observam. Depois olho para a noite - Vou dormir.

- Espero não acordar com barulho de tiros e explosões! - Disse Erna sorrindo.

- Só faltava começar tudo de novo - Fala Marija se recompondo ao se levantar.

- É melhor irmos dormir! - Disse Erna se levantando e seguindo à frente. Eu e Mari

ja a seguimos e entramos em uma tenda só nossa. Arrumamos os cobertores no

chão e deitamos. Fico com meus pensamentos e depois durmo.