CONTOS DA ERA DOS LAGOS - A Revelação

Uma forte escuridão diante de meus olhos. Impossível distinguir o lugar onde estou. Um profundo silencio é o único som aos meus ouvidos. Nem uma janela, nenhuma porta. Total e amplo vazio tomando conta de mim e de tudo ao meu redor. Medo... Muito medo... Medo do que é totalmente personificado na sombra do desconhecido.

Oh! Proteja-me Senhor! Por favor, acorde-me deste sonho! Não tenho forças para me levantar. Um pesadelo? Sim. É um pesadelo! Oh! Meu Deus liberte-me deste sono! O que me aconteceu?! Onde estou?! O que será de mim? No que se revelará todo esse sonho, toda essa escuridão? Nunca havia sonhado assim. Jamais experimentei tal pesadelo... Sono... Muito sono... Profundo e inexplicável sono...

Quanto tempo dormi? Preciso acordar. Cuidar-me para ir trabalhar. Não posso me atrasar. Hoje é sexta. O transito é muito ruim neste dia, pois a maioria vai de carro para o trabalho. Afinal, logo mais tem o happy hour. Mas não consigo me mexer. Não consigo acordar. E esse vazio impregnando tudo. Essa imensa solidão...

Mas espere um pouco... Luz! Finalmente luz! Sim! Um foco de luz de brilho intenso. Certamente veio para me despertar... Parece estar se movendo em minha direção. Vem do fim do que me parece um túnel. Sim é isso! Um túnel que vem do alto e desemboca onde estou. Vem diretamente para o espaço onde estou flutuando sem poder me mexer. Parece ter alguém que se aproxima envolto nesta brilhante luz. A luz vem em minha direção, diretamente sobre mim... Aproxima-se mais e mais sobre mim. Ouço... Sim ouço sons. Parece... Talvez, não sei. Oh Senhor proteja-me! Não tenho dúvidas. São sete homens. Sete seres que me parecem... Humanos? Não sei. Não consigo distinguir. A luz é muito forte. A claridade machuca meus olhos. Luz intensa e muito, muito forte...

Em torno de mim que jazia em meio ao nada, senti a forte luz envolver o meu corpo e posicionarem-se ao meu redor sete cavaleiros que em tudo se assemelhavam a mim. Tinham as minhas vestes, o meu rosto, os meus braços e minhas pernas. Eram em tudo idênticos a mim. Eram sete de mim em torno de mim mesmo estirado flutuando no centro do nada. Abaixo e acima de mim a escuridão, porém em torno de mim e dos cavaleiros, uma forte e brilhante luz que nos envolvia formando um circulo em que nós éramos o seu centro. Então ouvi sair de mim, sem que esboçasse qualquer esforço, e de todos os meus sósias um só grito:

__Levanta-te Criatura do espaço e do tempo!

E numa fração milésima de segundos, num simples e vago piscarem de olho, um imenso clarão deixou-me cego e senti que era transportado através e para cima do túnel como se fora lançado para fora do ambiente em que me encontrava por alguma força desconhecido e poderosa. Durante alguns minutos senti-me leve, como se não existisse peso em meu corpo. Ao meu redor, apenas conseguia distinguir os meus sósias que haviam se dado as mãos e formado um circulo, giravam velozmente em torno deste que vos narra estes acontecimentos. De repente, majestosamente a escuridão desapareceu por completo. Então, lenta e suavemente, com os movimentos do corpo recuperados, fui depositado no cume de uma magnífica montanha.

Admirando aquele céu límpido e o verde abaixo dos meus pés que flutuavam sobre aquele vento leve e refrescante. Por minha cabeça passavam memórias de toda a minha vida. Erros e acertos, justiça e injustiça, amor e desamor, encontros e desencontros, sorrisos e lágrimas. Para mim estavam claros aqueles acontecimentos e o que naquele momento, eu estava assistindo do alto daquela montanha. Não fazia a menor idéia de onde estava e porque estava e o que me esperava. Não tinha mais medo, sentia certa paz e algo inexplicável que me intuía não estar sonhando, mas não tinha certeza. Eu não sabia quanto tempo duraria, porém não tinha mais vontade de acordar. Poderia ficar ali naquele lugar, admirando aquela magnífica paisagem que incluía até um belíssimo lago. Estava diante de um lugar que jamais havia estado antes. Magnífica e exuberante flora. O tempo ali parecia não passar, o dia tinha os sintomas de que não iria acabar.

Em minha mente forçosamente o sonho que sonhava fazia lembrar-me de cenas da minha vida. Não conseguia deixar de vê-las. Algo ou alguém me impunha àquela reflexão enquanto os meus olhos admiravam a natureza e a revoada de pássaros de uma beleza diferente da que eu estava acostumado a admirar. Sobrevoavam a minha cabeça trazendo certa alegria e paz.

De repente e suavemente em minha frente surgiram rostos de pessoas que povoam ou que povoaram minha vida. Amigos e parentes e tantos outros... Suas faces eram serenas, olhares mansos, sorrisos contagiantes de alguns e de outros transmitiam olhares pesados, faces fechadas, carrancudas, feias como a face do ódio, triste como a face do desamor, necessitada como a face do pedinte, desolada como a face do abandono, vaga e perdida como a face daquele que se distancia do Nosso Criador. Alguns emanavam uma imensa paz. Quase podia tocá-los, mas acho que eram transparentes, pois minhas mãos os atravessavam quando eu tentava acariciá-los. Era como agarra o vento ou a brisa com as mãos. Outros, ao tentar tocá-los, davam-me as costas como a manifestarem seus protestos contra atos que eu havia cometido certamente. Iam e vinham até formarem um redemoinho em torno de mim e desaparecerem em direção à linha do horizonte daquele céu de magnífico azul. Por minha mente ainda desfilavam acontecimentos vividos e cada vez mais claros e intensos se desenhavam. Havia certa cronologia das imagens que se perfilavam e se mostravam a mim. Notei que tais imagens não começavam na minha infância e sim na minha velhice, mas pareciam que teriam o seu término no útero materno, onde tudo para mim havia se iniciado. Pelo menos era assim que eu imaginava que iria acontecer ao ver a cronologia delineada por alguma força ou alguém que me fazia ver tais imagens ou acontecimentos.

Ao desfilarem pela minha mente, tais cenas me faziam sentir o que cada uma delas trazia ou o que criei com aqueles atos mostrados. Por várias vezes sentia o gosto do choro, do sorriso, da raiva, do ódio, da revolta e por mais pesar que eu sinta, devo expor, o prazer amargo de magoar, de ferir, de mentir, de desejar o alheio, de abandonar, de não se fazer solidário, de não estender a mão, de não se comprometer com seu próximo, de se deixar corromper.

Perdido em meio a tantos acontecimentos e sentimentos, não observei que um pequeno ponto escuro na linha do horizonte se aproximava da montanha e consequentemente de mim. Cada segundo ficava mais próximo e tomando forma. A aproximação daquela estranha nuvem (Sim, era uma nuvem) deixou-me preocupado e temeroso com o que me podia acontecer. Aquele sonho já estava demorado demais. Precisava acordar dar sequência a minha vida. Tinha compromissos, tinha um trabalho a zelar.

A nuvem continuou se aproximando e confesso que me sentia inseguro nervoso e com medo do que ela me poderia trazer. À medida que se mostrava clara e temerosa aos meus olhos, pude distinguir alguns corpos que giravam de pé no interior da nuvem que trazia uma intensa tempestade formando um globo em torno daqueles que agora, eu podia ver, eram os cavaleiros que haviam me transportado para o cume da montanha. Exatamente iguais a mim e vestindo um roupão branco, muito sujo e roto, assim como eu. Um por vez e amorosamente, mostrava-me o que havia em cada espelho que traziam a altura do tórax. E nestes havia cenas de minha vida que passavam como filmes no interior e se refletiam com grande claridade em meu rosto me transportando para dentro dos espelhos. Palavras, xingamentos, atos, gestos insanos eram vistos por mim provocando um imenso arrependimento e vergonha. Cada cena me feria como a um chicote a açoitar, sangrar e marcar minha alma. O personagem central daquelas cenas tinha meu rosto, minha voz e meus defeitos... Tudo de repente ficou escuro e eu implorei o perdão daqueles cavaleiros. Um rio de lágrimas, de lamentos e vergonha pelos atos cometidos jorrava de meu peito inundando todo aquele verde com o mau que tomara conta de mim e que eu propaguei e incuti ao meu próximo. Tal acontecimento sugara minha energia em demasia, deixando meu corpo exaurido. Em minha face o retrato da vergonha foi a última cena que vi, perdi os sentidos e desmaiei.

__ Erga-te Criatura do espaço e do tempo!

Abri os olhos ao ouvir o chamamento daqueles cavaleiros e vi que estendiam as mãos para que eu pudesse me apoiar. Do cume da montanha não mais podia ver os vales, as flores, rios, lagos e mares. O verde havia desaparecido, apenas existia a escuridão, a mesma escuridão que havia antes da luz que me transportou para ali. E então a minha voz, mesmo sem meu consentimento, uniu a vos dos cavaleiros que era a minha voz e bradamos:

__ Inicia-se aqui a segunda fase de teu aprendizado, de teu aperfeiçoamento. Agora que deixastes o corpo físico, o tabernáculo que fora na Terra o depositário de teu espírito. Ouça o que muitos ainda irão ouvir. Esta é a tua segunda viagem rumo ao retorno de onde foste criado, onde se deu teu primeiro batismo, onde o Criador escreveu com seu imenso e perpetuo amor o teu verdadeiro nome, este que ostentas brilhante agora em tua fronte. Este pelo qual toda criatura criada no tempo e no espaço não conhece, porém, todos os filhos do Criador do tempo ou do não tempo, em todos os universos criados e dos não criados saberão reconhecer, pois é o único dono deste nome.

Aquelas palavras me deixaram confuso, todavia, embora não entendesse ainda tais acontecimentos, intui que não mais estava desfrutando da vida que conhecia e experimentara na Terra. Acho que havia caído no sono da morte... Chorei... Chorei copiosamente como uma criança sem lar, sem colo, sem carinho maternal.

Estranhamente na minha e na fronte daqueles cavaleiros idênticos a mim, brilhava intensamente um nome. Era um nome de língua estranha para mim. Acho que não saberia pronunciar tal nome, mas estava escrito em minha fronte o nome que os cavaleiros havia me anunciado como o meu verdadeiro e único nome dado por meu Criador. E assim brilhava e me marcava com o amor do Criador o meu nome. E este nome é: Blu leka

__ Ouça criatura do tempo do espaço. Ouça o que muitos outros ainda ouvirão até que se complete a unidade, até que não haja criaturas distantes do Criador, até que se unam definitivamente criatura e Criador.

Então vi que dos setes cavaleiros idênticos a mim, um se destacou ao centro do circulo e estava amarrado em pensamentos ruins e tinha o corpo ferido por todas as doenças causadas pelo que o homem impunha ao espírito, assim me fez entender aquele ser quando que disse:

__ Eu sou o teu abismo. Oh criatura do espaço e do tempo. Estou alojado no teu pensamento primeiro. Não me julgue do bem ou do mal. Apenas entendas que sou o homem.

E vi sair de seu pensamento uma enorme serpente que trazia e anunciava a Mentira.

Em seguida, num espetáculo pavoroso, vi sair de seus olhos uma serpente muito maior do que a primeira e esta trazia a soberba e a serpente da soberba devorou a serpente da mentira, tornando-se ainda maior.

Quando esperava ver aquele assombroso espetáculo terminado, eis que uma nova serpente com olhos de fogo saiu do pensamento daquele que era o primeiro dos cavaleiros idênticos a mim. Esta era a serpente que trazia a ignorância. Ato seguinte: Ela se agiganta após devorar a serpente da soberba.

Confesso que tais acontecimentos me deixaram profundamente amedrontado. Eu via que enquanto aquele primeiro cavaleiro expunha suas serpentes, tanto eu quanto os outros seis cavaleiros idênticos a mim, tínhamos as vestes e os rostos cobertos pelo sangue da vergonha. Mas o espetáculo pavoroso e as revelações ainda estavam para prosseguir e assim aconteceu.

Desta vez brotou do pensamento daquele cavaleiro que era como todos os outros o meu eu, a serpente de apenas um olho. Este ficava localizado no centro de sua fronte e olhava e girava para todas as direções. Então a serpente anunciou-se como sendo a representante do egoísmo. Esta devorou a serpente da ignorância e logo após devorou, sem piedade, o primeiro daqueles setes cavaleiros que em tudo eram parecidos comigo, em tudo eram como eu.

Ainda que fosse devorado por suas serpentes, o que era idêntico a mim, ainda tentou nos convencer com suas blasfêmias que todos aqueles males eram normais e que faziam parte da criação. E foi isso que nos disse:

__ Ouça criatura do tempo e do espaço. Sou a gloria da criação. Sou o rei da criação, sou talentoso e ninguém pode se igualar a mim. Queres um caminho a seguir? Siga a mim. Sou a Mentira que habita em teu horizonte. Vede, siga-me. E estendeu-me a mão coberta por pele de cobra..

E continuou a dizer-me: Eu sou a soberba. Tenho poder. Não tenho medo de nada, nem de ninguém. Não temo a Deus e sou o bastante a mim mesmo. Amo-me, desconheço o que chamam mediocridade. Venha, siga-me e seja forte como eu. Estendeu novamente a mão.

Embora eu não esboçasse qualquer gesto ou movimento, as mãos daquele cavaleiro personificado em suas quatro serpentes, continuavam estendidas para mim. Mas tanto eu quantos os outros cavaleiros, estávamos ainda cobertos e manchados com o sangue da vergonha causada pelo exposto pelas serpentes. Ainda assim, este tentou nos convencer com seus argumentos acrescentando:

__ Ouça ainda criatura do tempo do espaço. Eu habito no teu primeiro pensamento com a Ignorância. Cultuo o prazer. Não conheço ou tenho limites para o prazer. Amo tudo até me satisfazer ou saciar. Embriago-me, bebo e bebo até não mais aguentar, até extravasar. Venha, posso afugentar-lhe a dor.

__ Ouça ainda minha desolada criatura do tempo e do espaço. Sou aquele que elegeu por moradia o seu primeiro pensamento e lá habito com o Egoísmo. E eis que é o egoísmo que te afasta do teu conhecimento divino, do jubilo, de tua gloria e de teu Deus. Venha, siga-me, eternize-se em mim.

Ver aquelas mãos em forma de serpentes estendidas para mim chocava-me, envergonhava-me e fazia-me sentir uma profunda tristeza. Tudo que fora ali oferecido e exposto pelo primeiro cavaleiro, habitavam e faziam parte de minha estrutura. Pois se tais cavaleiros eram idênticos a mim em tudo, certamente que o primeiro cavaleiro, como disse, representava a primeira consciência de meu pensamento.

__ Oh Senhor perdoe-me pela Mentira, pela Soberba, pela ignorância e pelo Egoísmo aflorado e praticado __ Supliquei. Senhor, não tende piedade de mim, faça que eu sofra na mesma proporção dos males que causei. Só assim queimarei a vergonha e o arrependimento que agora toma posse de meu coração. Entrego-me em Tuas mãos...

As mãos em forma de serpentes continuavam a se oferecer para mim como se buscassem me convencer do bem de todo aquele mal exposto. Porém, em meio a toda aquela escuridão uma forte luz incidiu sobre aquelas serpentes e o que se viu foi uma chama brilhante e intensa dizimar aquelas que tentavam nós persuadir. Neste instante, imediatamente eu e todos os cavaleiros do meu eu, deixamos de ter nossos corpos cobertos pelo sangue da vergonha. Da mesma luz intensa e brilhante desceu outro cavaleiro e este se posicionou a minha direita. Embora fosse igualmente idêntico aos outros cavaleiros e consequentemente a mim, este não trazia a mesma face que todos nós. Não tinha olhos, boca ou nariz, simplesmente não tinha face.

O primeiro cavaleiro retornou a sua posição e manteve-se acorrentado pelos pensamentos ruins, mas não tinha mais as chagas que anteriormente mostrava e que foram causadas pelos sofrimentos que o homem impunha ao espírito. Eu começava a entender os fatos sem que alguém me explicasse, mas parecia haver um poder, uma força, uma inteligência superior que clareava minha mente e colocava as instruções nela. Confesso que seria muito difícil entender aqueles sucessos com a visão de vida e inteligência trazida da Terra. Oh! Graças a Deus!

Aproximando-se ao centro do circulo, posicionou-se o segundo cavaleiro. E este me disse:

__ Ouça criatura do tempo e do espaço. Ouça o que todas as criaturas evolucionárias da Terra ainda irão ouvir. Eu sou teu segundo pensamento. Sou o que busca, procura, investiga o caminho. Ainda não conheces o caminho para o Paraíso. Mas vos digo que já empreendestes tal caminhada. Porém advirto que esta é uma caminhada longa e lenta. Não será mais um caminho de morte, mas de radiante e edificante vida. Ouça para que saibas o quanto és amado pelo Criador: Ele nunca esteve oculto, Ele habita no seu habitat, nunca esteve inalcançável, Ele sempre se mostrou todas as suas criaturas, as perfeitas através da Perfeição e a ti, criatura evolucionária. Ele sempre esteve dentro de ti. Através deste sono da morte caminhara pela estrada ascensional que o levará a Cidade de Luz e então descobriras o dom divino que o Criador instalou em ti desde quando fostes Criado por esse infinito amor. Eu, criatura do tempo e espaço, sou o teu segundo pensamento, como já o sabes, aquele que busca a descoberta do dom divino instalado no sétimo e mais profundo da consciência de teu pensamento. Eu ainda vos digo, ouça com jubilo e atenção: E foi gravado com o fogo do amor de Deus no pensamento de cada mortal. Todos os mundos criados na Perfeição abalam-se quando então constatam que apesar de sua Onipresença, Onisciência e Onipotência, Deus em sua infinita bondade, com o seu inacabável amor, busca suas criaturas indefesas, limitadas e desprovidas de razão. Da mesma forma todos os criados e não criados, de todos os universos criados e não criados estremecem diante de vossa cegueira. Ainda assim e apesar desta cegueira, lhe está garantido a perfeição sem se quer saberes. Ainda muito aprenderas durante esta caminhada, mas o que lhe trago, a saber, lhe basta até que alcances a primeira escola de Deus.

O cavaleiro retirou-se do centro do circulo retornando a sua posição anterior. Eu dobrei meus joelhos e agradeci a Deus por ser tão generoso, bondoso e carinhoso com uma criatura que jamais O procurou. Sem poder conter-me, as lágrimas brotaram do fundo de meu arrependido coração.

O terceiro cavaleiro acenou-me como a entender minhas lágrimas e posicionou-se no centro do circulo. E então me falou:

__ Amantíssimo Blu leka. Eu sou a consciência de teu terceiro pensamento. Tenho a função de aproximar o espírito das criaturas evolucionárias do tempo e do espaço a Presença física e Espiritual de nosso Criador. Verás o que foi escrito com o fogo do amor de Nosso Deus no pensamento terceiro das criaturas evolucionárias dos mundos criados no tempo e no espaço. Eu, sua consciência do terceiro pensamento, mostrarei agora o que sempre lhe foi mostrado e oferecido pelo Pai. Venha, sede comigo e conheceres o que sempre esteve o teu lado a te cuidar.

Mostro-te Deus em tudo que vos rodeia. No frescor do orvalho das manhãs, nos trovões e relâmpagos. Na própria tempestade. No refrescante vento e também nas devastadoras ventanias, nos tornados e furacões. Nos campos onde os animais pastam, nas flores, nos pássaros, na grama onde pisas, nos rios, nos mares, nas selvas, nas cachoeiras onde busca refrescastes, nas ruas que andas, no sorriso das crianças, no beijo da amada, nos anciões, no teu trabalho, no teu descanso, no teu lazer. Em tudo que olhar, tocar e pensar. Lá estará a Presença Física de Deus. No brilho do sol, na necessária chuva, na cor prateadas das luas espalhadas por todos os universos, no brilho e no rumo das estrelas. A Presença Física do nosso infinito Deus está em toda Criação.

A Presença Física de Deus impregna toda a Criação. Não há nos confins dos universos ou nos super universos, no tempo ou no não tempo, no espaço criado e no não criado que não habite a Divina Presença Física e Espiritual de Nosso Deus. Amada criatura do espaço e do tempo, crer no que lhe mostro, do que lhe faço aproximar?

Com minha voz firme, sem titubear e causando uma grande surpresa para mim, respondi em voz alta: Sim! E todos aqueles cavaleiros, com exceção do que ainda estava acorrentado aos pensamentos ruim, uniram-se ao meu sim.

__ Então, amado Blu leka, ouça o que todos aquelas criaturas criadas no tempo e no espaço, ouvirão após o primeiro sono da morte. Agora mostrar-lhe-ei a Presença Espiritual de nosso Deus. Examina o profundo de teu sétimo pensamento. O que vedes? Sim, lá está sua Divina Presença. Porque então procuras encontrar nosso Deus em algo remoto? Quem o fez sonhar com um Deus distante, morando nos confins dos universos, perdido nas estrelas? Onde buscastes informações que te dão conta de um Deus sentado num trono no longínquo firmamento, colérico, disparando raios sobre toda a criação? Que absurdo comete os criados no tempo e no espaço, que graves erros compartilham. Pois então ouça: Ele sempre esteve ao seu redor, junto a ti, dentro ti. Ele elegeu como morada o fundo de vossos próprios pensamentos.

Amantíssimo. Sei o quanto seus pensamentos estão martirizados por suas dúvidas. Porém, eu que ocupo o teu terceiro pensamento adianto-me a elas e te respondo. Como podes ter a consciência da Divina Presença? Quando distinguir em teus pensamentos o dom Divino? Escrito está, anunciado assim o foi: “Por seus frutos os conhecereis...”. Dito foi a ti e a todos: “... aquele que faz a vontade de Deus já descobriu seu dom divino. E seus atos o delatarão. Os efeitos vos revelarão a causa. Aquele que penetra em seu sétimo pensamento e se integra ao Deus que o habita agirá sempre de acordo com a verdade, em harmonia com a beleza e movido pela bondade...” Este é o sinal de que estarás diretamente conectado, se fará uno à Divina Presença de Deus. Quem tem ouvidos que ouça, esta é a revelação que trago, pois sou aquele que busca e que habita em teu terceiro pensamento.

__ Oh Senhor é tudo tão simples... Meu Deus Tu és Magnífico!

O terceiro cavaleiro retornou a sua posição anterior dando passagem para que o quarto cavaleiro ocupasse o centro do circulo. E este me disse:

__ Amada criatura do tempo e do espaço. Amantíssimo Blu lēka. Sou a consciência instalada no seu quarto pensamento. É do seu quarto pensamento que lhe mostrarei a adoração e a prece.

Amado filho de Deus. A admiração se completa, se faz única, não precisa de outras prerrogativas ou atos ou gestos. Apenas se admira. Ao contrario da admiração está à oração, pois as criaturas do tempo e do espaço, a usa por interesse. Aquele que se faz uno com Deus, o adora sem jamais lhe pedir o que quer que seja. Deus deverá sempre ser adorado pelo que representa pelo que foi pelo que é pelo que será. Deve se adorar sinceramente, porém sem buscar compensação. Deus não deve ser adorado pelo que dá. Quem adora Deus, não espera por essa adoração algo em troca. A manifestação de humildade das criaturas de todos os universos e mundos é a adoração ao Nosso Criador. Esta na adoração simples e sincera sem interesses, a prova do sinal, da integração do pensamento humano com o dom divino. Quando a criatura descobre seu Criador, inclina-se por espontaneidade, sem nenhum esforço para adorar a Deus. É desejo do dom divino no pensamento dos homens adorarem a Deus. Quando o faz sinceramente, sem interesses ou segundas intenções, eleva seu nível mental, espiritual e o pessoal. Deveis adorar a Deus apenas pelo que é e nunca pelo que Ele lhe dá, lhe deu ou lhe dará.

Amado Blu leka. Falo do que sempre esteve escrito no seu quarto pensamento, falo-lhe da prece: As criaturas do tempo e do espaço confundem adoração e prece. Muitos adoram e pedem. Estes não adoram e muito menos oram. Pedem certamente o que já lhes foi dado e nem o sabem. Orações não são canais para obtenção de bens ou benefícios matérias. Creia-me, Deus o ama e o sustem. Fostes criado pelo amor de Deus e tudo o necessário a ti, lhe foi dado e garantido no ato de tua criação. A oração é a conversa com teu Criador para que assim desfaça sua insatisfação espiritual. Orações são para pedir respostas, orientações espirituais, nunca dádivas. Ore em busca de seu interior, pois é no teu interior que encontrarás o dom divino que habita em ti e este o iluminará. Só a oração poderá tranquilizar e saciar o espírito e o pensamento do homem. Porque pedes através da oração bens matérias?

Acaso considera-se inferior as aves do céu, pois “... Elas não semeiam nem colhem e, no entanto o Pai Celestial as sustem...”.

Aqueles cavaleiros que em tudo eram idênticos a mim, cada vez que se apresentava, eu sentia que estava falando a mim mesmo aquilo que nunca me falei. Nunca havia conversado comigo mesmo e o pior, nunca havia conversado com Deus. Todas as vezes que dobrei meus joelhos em solo tido como sagrado, foi para pedir bens materiais. Como somos ignorantes e imbecis, pedimos de carros a casas, de viagens a eletrodomésticos. Como somos idiotas, como nos afastamos tanto do Criador. Nunca dobrei meus joelhos ou simplesmente conversei com Deus para agradecer o que já havia me dado, ou as glorias alcançadas, os dias vividos, um simples e necessário amanhecer. Até ali ficou bem claro para mim o porquê do primeiro cavaleiro estar acorrentado a mentira, a soberba, a ignorância e ao egoísmo. Era um digno representante dos homens na Terra. Oh Meu Senhor, como me arrependo... Maldita seja minha ignorância!

O quinto cavaleiro aproximou-se do centro do círculo e iniciou a sua narrativa.

__ Sou aquele que ocupa o seu quinto pensamento. Neste está à consciência da verdadeira religião. Veja!

O cavaleiro que em tudo era idêntico a mim, apontou para o centro do circulo que logo em seguida passou a mostrar a imagem de uma grande multidão que se ajoelhava e com rosto em terra parecia estar dominada por excesso de excitação e grande medo. Adoravam deuses esculpidos em barro e metal que representavam as forças da natureza e até mesmo o planeta Terra. Fogueiras gigantescas erguidas para homenagear tais deuses produziam cinzas da queima de diversos materiais e estas cobriam a multidão que aterrorizada rendia graças a tais deuses. Então novamente o quinto cavaleiro tomou a palavra e disse:

__ Assim surgiu à primeira religião em solo da Terra. A religião baseada no medo do desconhecido. Por não conhecerem os fenômenos de uma natureza pródiga e por não conhecerem Deus Pai Criador de todas as coisas, os homens evolucionários do tempo e do espaço em sua natural confusão de pensamento temiam tais fenômenos atribuindo-os ou dando-lhes importância Divina.

Eis que uma nova cena aparece no centro do circulo. Esta mostrava também uma grande multidão de homens e mulheres em templos ricos, luxuosos, brilhantes e de imensa beleza. Nestes via-se o sangue correndo pelos altares. Ali não se adorava os fenômenos da natureza, astros ou planetas, não havia estátuas de ídolos ou deuses. Estes adoravam o Grande Deus, oferecendo-lhe holocausto de animais. Vi que se ajoelhavam diante de altares e de lideres ou sacerdotes que os pastorava como ovelhas submissas.

__ Ouça e veja aquilo que todas as criaturas do tempo e do espaço após o primeiro sono da morte ouvirão e verão. Falou o quinto cavaleiro. Esta é a segunda religião, tem seus pilares baseados na autoridade. Ou seja: A criatura evolucionária do tempo e do espaço já conhecem perfeitamente o Criador, mas ignoram sua Paternidade e então se entregam de corpo e alma, leais e cegamente submissos, indefesos como crianças ao julgo e vontades dos chamados ministros, príncipes, sacerdotes e outros líderes de suas igrejas. O resultado de tais práticas é o retorno de uma precária paz de espírito e a obediência cega às rígidas e limitadas normas ou leis da organização religiosa de tais congregações.

A cena seguinte não exibia multidões, templos ou sangue e muito menos ídolos, estátuas ou deuses. Mostrava-nos uma longa estrada onde um viajante solitário parecia empreender viagem. Viajante e sua montaria brilhavam como o sol em meio à escuridão. Seu brilho era tão intenso que ofuscava os olhos dos observadores daquela cena. Então o cavaleiro que o ocupa a consciência do meu quinto pensamento prosseguiu:

__ Note que esta é a terceira religião e é baseada na experiência da busca pessoal. É a verdadeira religião, é a religião final. A que mora no quinto pensamento das criaturas do tempo e do espaço. É a religião da descoberta e da união com o Monitor de Deus. É a religião de todos aqueles que buscam, adotam e reconhecem sua filiação divina e se largam nas mãos do Pai Celestial. É a religião única e verdadeira, aquela da busca individual e pessoal do Criador. A Religião da “aventura” e da experiência individual. A mais difícil e extremamente árdua para aquele que se aventurar por essa estrada. Porém, aquele que assim o realizar, como um viajante brilhante em estrada escura, encontrará seu Criador, seu amanhecer espiritual.

__ Oh! O quanto é magnífico o meu Deus! O quanto é simples adorá-lo! O quando é prazeroso tê-lo ao lado. Oh! Como fui tão egoísta assim! Acreditei em mentiras e releguei o meu Deus ao segundo plano em minha vida. Perdoe-me Senhor! Perdoe-me!

Aproximou ao centro do círculo sexto cavaleiro e disse:

__ Eu sou a consciência de Deus e estou sediado no teu sexto pensamento. Diga-me amado Blu leka, o que podes distinguir do que lhe mostrarei agora?

Via-me em meio a pensamentos confusos ligados a tentativa de explicar a existência de meu Deus. Grande confusão em minha mente. Não conseguia alcançar a clarividência.

__ A tua consciência mental limitada, pouco conhece ou concebe para entender Deus. Vós criaturas do tempo e do espaço possui um pensamento extremamente limitado que se quer entende a si mesmo, como então querer entender nosso Deus? Ouça criatura do tempo e do espaço o que todos ouvirão após o primeiro sono da morte: A consciência de Deus esta muito além do impossível. Vós possuís a idade mental de um recém nascido quando o assunto é Deus. Consegues enxergar, ouvir e sentir, mas não assimilas as realidades divinas em sua volta. Muitos tentam esboçar Deus, mas fracassam em seus pensamentos e naufragam no mar do desconhecido. Outros tentam mostrar um Deus humano, idêntico ao homem. Ledo engano. Deus é absoluto e o absoluto não possui corpo, não se pode fotografar, não tem forma. É simplesmente Deus.

Não podeis supor Deus. Se Ele sofre com vossa imperfeição, provavelmente se aflija com suas aflições, com sua iniquidade, mas tudo isso apenas esta no campo do que podemos supor de Deus. O mais correto é que se alojou no pensamento das criaturas do tempo e do espaço. Conhece-lhe melhor que você mesmo, sabe de sua solidão. Sabes quando erras, mas continua convosco. Ele se constrange na guerra e na doença. Ele está. Ele é vós.

Deus esta no teu pensamento como a consciência do espírito e nele habita o Monitor de Deus. É no Monitor de Deus que carrega o teu conhecimento divino que lhe foi dado quando foste criado. Esta é a parte mais sagrada do teu eu. Será feliz quando descobrires o segredo de teu sexto pensamento. Aquele que descobre o Pai em seu interior, nunca fraquejará nas coisas do Criador. O homem tende a obedecer a uma força incompreensível que o afasta de Deus. Fostes criados para perceber, receber, comungar com Deus em teus pensamentos, em tuas glórias, em tua vida encarnada, em tua caminhada divina ruma a Cidade de Luz.

O sexto cavaleiro adiantou dois passos se posicionando diretamente em minha frente e com um sorriso do sorriso que também era meu, acariciou minha fronte e disse: Ele está aqui. Receba-o. Logo depois se afastou lentamente, retornando ao seu lugar primeiro no circulo.

A emoção tomava conta de mim e também uma grande decepção comigo por nunca ter dado ouvidos ao meu Criador. Quantas vezes deixei de ouvi-lo e certamente quantas vezes fingi não ouvir Seu chamado. Nestes gestos caracterizavam o grande egoísmo que tomara conta de mim e a ignorância para com as coisas de Deus. Como me arrependo. Que vergonha sinto agora meu Senhor. Abaixei a cabeça e chorei. Chorei o peso de minha vergonha, de minha ignorância, da minha soberba.

Postado e de cabeça baixa sorvendo todo o meu choro, senti um suave toque de mãos sobre meus ombros, ao levantar a cabeça, vi que estava ao meu lado aquele ser sem face que havia chegado por último ao circulo dos cavaleiros. Então entendi quem este era. Só podia ser o meu Monitor de Deus. Este assentiu com um leve movimento de cabeça e convidou-me a ficar novamente de pé ao seu lado nos fazendo retornar para posição anterior que estávamos.

Logo em seguida o sétimo cavaleiro tomou posse do centro do circulo, olhou dentro dos olhos e falou:

__ Amado Blu leka veja.

Uma grande imagem tomou conta de toda aquela escuridão e era enorme, descomunal, assim era. Em minha frente surgia um sistema solar magnífico mostrando planetas e luas e um cinturão de asteroides que parecia obedecer a sua órbita em torno do sol. Eram ao todo treze planetas, mas em meio a toda aquela beleza, brilhava um intenso azul do terceiro planeta a partir daquele magnífico sol. As lágrimas desfilavam em minha face assim como aquela imagem belíssima de meu planeta, o planeta Terra. Um misto de saudade, de alívio e de tristeza, tomou conta de mim. Eu sabia exatamente qual seria o destino daquele planeta, se seus habitantes não exorcizassem a soberba, o egoísmo e a ignorância. Todos aqueles sentimentos que acorrentavam o primeiro cavaleiro em frente a mim e que este sendo parte de mim, me fazia acreditar que dificilmente os habitantes do planeta Terra acordariam de suas mazelas antes do sono da morte. O mais provável e o horizonte por vir naquele planeta era aniquilação total de seus habitantes por suas próprias mãos.

Subitamente a imagem começou a girar e girar e girar numa velocidade estonteante e logo em seguida mostrou uma imensa esfera composta por milhares, milhões de sistemas solares de variados tamanhos e beleza. Era tudo tão magnífico, tão exuberante, tão belo que parecia inconcebível para mim. Em meio a tantos sistemas solar, muito pequeno, quase uma poeira naquele todo, brilhava o sistema solar que habitava a Terra. Se não o tivesse visto anteriormente, dificilmente poderia reconhecê-lo, pois era como um grão de areia na praia. Assim estava o nosso sistema solar dentro daquela imensa e brilhante esfera.

E o sétimo cavaleiro assim me fez entender, me fazendo conhecer o significado e origem de toda aquela grandeza.

__ Ouça criatura do tempo e do espaço aquilo que outros só ouvirão após o primeiro sono da morte: O que vê é o sétimo Super Universo que o amor do Criador concebeu. Neste Super Universo estão protegidos pela glória de Deus cem mil universos que habitam incontáveis sistemas solares, cujo da Terra faz parte. Mas o maravilhoso poder criador de Deus não para por ai. São Sete Super Universos onde cada um abriga seus cem mil universos que habita outros tantos milhares de sistemas solares onde uma imensa variedade de planetas exibem suas espécies de vida que variam de criaturas como vós criadas no tempo e no espaço da Terra e outras tantas que ainda conheceres pelo caminho que optaras a seguir. Amantíssimo, veja.

Olhei para a grande imagem e vi uma profunda escuridão, apesar de existirem a visão de sois, planetas e outros tantos corpos universais, mas estes iam desaparecendo para permitir a chegada de uma nova imagem. De repente novamente apareceu o sistema solar onde o brilho azul da Terra sobressaia e como se participasse de uma viajem pelo universo, senti meu corpo flutuar. Parecia voar e me distanciar da Terra entrando pelo universo desconhecido bem a frente de meus olhos. Uma imensa escuridão se fez e apesar de pequenos cintilarem de brilho de alguns astros, a escuridão se expandia para frente, para trás e para os lados numa estonteante e inacreditável velocidade. Subitamente e como se usasse um potente freio, surgiu em minha frente uma imensa, uma inacreditável roda celestial iluminada, muito maior do que a roda do Super Universal onde a Terra habitava. Aquela imensa roda brilhante flutuava e girava em meio à escuridão, no meio do nada. Era uma visão inimaginável, incompreensível para alguém criado no espaço e no tempo e tendo vivido no simples e primitivo planeta Terra.

__ Ouça o que este monitor que reside no teu sétimo pensamento te revelará. O que teus olhos veem neste exato momento é a roda do Grande Universo. Esta alimenta e sustem cem mim super universos e todas as criaturas Criadas ou não criadas no tempo e no espaço. Cada Super Universo não passa de uma pequena ilha dentro do Grande Universo. Cada Super Universo é formado por cem mil universos e todos os sete Super Universos giram em torno do Grande Universo. Tudo que vês palpita de gloria e de sabedoria do Criador Nosso Deus. Por favor, não tente entender as edificações do Pai, apenas sinta a alegria de contemplá-las. Tudo o que vê é apenas parte da Criação, pois suas reais dimensões escapam a compreensão das criaturas criadas no tempo e no espaço. A obra de Deus vai muito além, pois nas fronteiras do Grande Universo existe o espaço exterior onde se preparam novos universos, super universos e grandes universos. Acredite no que ouves, chegará o dia em que criaturas semelhantes a ti, de origem humilde, serão colocadas nestes mundos para elevá-lo á categoria de Suprema Perfeição. Mas o que formam o Grande Universo e o Espaço Exterior? Eu vos digo: Estes formam o Universo Mestre.

Estava em choque, em êxtase diante de toda aquela visão, ouvindo todas aquelas revelações. Senti-me pequeno, diminuto, uma ínfima parte do nada, menor do que um grão de areia no deserto diante de toda aquela grandeza, de todo aquele poderio, de todo o imenso amor do Criador. Apesar da minha surpresa e ignorância, me sentia feliz, em paz e profundamente amado pelo meu Senhor e Criador. Oh quão magnífico e generoso é o meu Deus!

__ Ainda há mais a ti ser revelado de acordo com o desejo consentido pelo Pai. Observe que, embora os olhos de teu espírito não possam conceber, estamos atravessando as fronteiras que tornam o Grande Universo invisível aos Super Universos que o circundam. Esta escuridão, estas fronteiras são círculos inabitáveis poderosos que nada escapa ao seu poder, nem mesmo o mais ínfimo raio de luz. Deveis saber que tais fronteiras são conhecidas pelo homem do tempo e do espaço como Buraco Negro, embora os mesmos não saibam o significado deste ou que estes são as fronteiras dos Super Universos que rodeiam o Grande Universo. Tais corpos escuros são os responsáveis pelo equilíbrio e estabilidade da grande roda interior dos mundos.

Após transpor a imensa escuridão, surgiram as imagens de sete anéis iluminados. Descomunais, gigantescos, inacessível as mentes das criaturas criadas no tempo e no espaço como eu. Então me explicou o sétimo cavaleiro que morava em meu sétimo pensamento:

__ Estas sete esferas brilhantes que agora se mostram aos seus olhos compõem o que deveis chamar de Universo Central. Cada uma das sete esferas contém mais de trinta milhões de esferas. Estes milhões e milhões de esferas são originados e criados sob o designo natural da perfeição de nosso Deus. Por serem perfeitas em sua criação Divina, tudo que nelas habitam ou se desenvolvem obedecem a perfeição. Estais diante de teus olhos as últimas moradas dos criados por Deus. No futuro dos futuros, vós habitareis todas estas esferas até que lhe seja permitido transpor a fronteira que o levará para a Cidade de Luz.

A imagem mostrava um universo que parecia não ter fim e essa realmente era a realidade. Em seguida como se voássemos por aquela projeção divina e após cruzarmos os limites daquelas esferas, surgiu em minha frente outra visão magnífica que mostrava vinte e uma esferas que orbitavam em torno de uma de maior brilho e beleza. A luz de tais esferas era tão poderosa, tão brilhante que meus olhos não conseguiram olhar diretamente para aquela fabulosa imagem. E então o sétimo cavaleiro prosseguiu.

__ Diante de ti esta a Cidade de Luz. Esta é o que chamarias de A Casa do Criador. Alegre-se! Este será seu real destino e de todos os criados pelo amor de nosso Deus. Não poderei mostrar-lhe ou dar-lhe informações sobre as vinte e uma esferas que orbitam a Cidade de Luz. Ainda não nos é permitido este conhecimento. Mas, creia, o Pai sabe o que faz. Posso adiantar-lhe o que nos é necessário conhecer para que possas assimilar a grande obra antes de iniciar sua próxima etapa evolutiva. As esferas que vês girando e orbitando em torno da Cidade de Luz, são como fornos de energias viventes organizadoras. Todas possuem denominação e servem ao Pai em sua Trindade.

O homem passa sua vida correndo atrás de um passaporte para o paraíso. Toma atitudes e promovem ações que destroem o meio ambiente do planeta Terra pensando que o paraíso lhe será um prêmio, dá mais importância a essa procura do que ao seu habitat natural. Mas, posso garantir-lhe, amantíssima criatura do espaço e do tempo, que aquele que maltrata seu planeta ou habitat, está prolongando sua caminhada rumo a sua evolução espiritual em milhares e milhares de anos para a ascensão. Portanto, a busca pelo passaporte ou pela entrada no paraíso, estará sempre vinculada as suas ações de respeito a natureza que representa a Presença Física de Deus sob todos os seus componentes e aspectos, além, é claro, do inevitável respeito e ajuda ao seu próximo.

O que vês no centro deste universo, radiante como o brilho de bilhões de sóis, o que teus olhos nem mesmo pode fixar é o que chamas de paraíso. Não entenderá toda essa magnitude, pois ainda estais muito longe desta casa. O que chamas e clamas paraíso é tão imenso, é tão glorioso, é tão belo que não poderás entender. Nem mesmos os afortunados que completam seu caminho ascensional podem descrever o que é o Paraíso. Aos teus olhos parecerá mais que uma esfera ou circulo infinito de luz e é o bastante para sua limitada compreensão. Porém, regozije-se e encha-se de esperança, pois para esta Casa, vagarosa e progressivamente, voaras por haveis sido criado e distinguido pelo amor de Deus.

O sétimo cavaleiro calou-se e retornou a sua posição anterior no circulo, dando assim por encerrado as suas explanações, explicações e ensinamentos. Assim como eu, todos os sete cavaleiros se ajoelharam diante da luz forte no centro do círculo. Ouvi então as nossas vozes em meus sete pensamentos dando graças ao Criador. Sobre minha cabeça, assim como sobre a cabeça de todos os sete cavaleiros senhores da consciência de meus pensamentos, pairava a mão do Monitor de Deus. Vi que saiam de suas mãos uma intensa luz de cor azul escarlate que se unificava com a luz que descia do alto. Então o circulo começou girar e girar e girar intensamente. A última imagem que vi foi o rosto de meu Monitor de Deus que não exibia mais uma face do nada e sim a minha própria face. Perdi os sentidos...

A claridade do sol me fez recobrar os sentidos, mas não pude precisar o tempo que fiquei desfalecido. Não estava mais no topo da montanha, algo ou alguém havia me transportado para beira de um rio que não havia água, composto apenas por nuvens ou neblina que seguiam o curso daquele fascinante e belo rio. Olhei para o alto e avistei inúmeros picos de montanhas que adornavam as margens do rio, mas sem distinguir a montanha que estava antes da chegada dos cavaleiros. Alguns metros da posição que estava à beira-rio, pude avistar um pequeno ancoradouro onde um barco pairava sobre o rio de nuvens sem nada para prendê-lo a margem. Caminhei na direção do barco e só então prestei atenção sobre as margens daquele rio de nuvens. Eu estava pisando em pedras coloridas que refletiam minha face por aquele estranho chão. Notei que as duas margens eram compostas por aquelas belas e misteriosas pedras. Pude ver que meu rosto estava refletido ao longo das margens do rio mesmo estando fora do alcance daquelas estranhas e belas pedras. Magnífica, misteriosa e inacreditável visão.

Nada havia no barco, nem mesmo um remo ou algo que permitisse a navegação. Mas, como navegar num rio de nuvens? Qual seria meu destino? Quem havia me deixado ali? Porque fui deixado ali, onde deveria ir?

Em minha mente instalou-se a confusão.

Dias e noites se passaram e nada acontecia, nem mesmo a paisagem mudara, nem mesmo um pássaro mudara a direção de seu vôo. Nada me fazia mal ou me causava dor física ou espiritual. Por dias e noites admirei sol, lua e estrelas. Algo acontecia ao meu redor, mas eu não conseguia ver ou entender qual seria meu destino, apenas aguardava com toda paciência e resignação que tomara conta de meu coração.

Cheguei mais próximo do rio e olhei mais detalhadamente para seu curso e minhas mãos tocaram naquele conteúdo suave de nuvens ou neblinas. Ao me aproximar e olhar para o espelho das nuvens pude ver que minha face refletida no rio não era igual à mesma refletida nas pedras das margens. No rio eu tinha uma face diferente, transparente. Podia-se ver através dela e não se parecia comigo, era outro ser, outro eu. Confuso, novamente olhei para o chão de pedras que continuava a refletir a minha face que por toda minha vida terrena eu carregara e me acostumara a ver. Enquanto que no rio era totalmente diferente a minha aparência. Num gesto insano resolvi lavar o rosto com aquelas nuvens, porém ao introduzir minhas mãos em forma de concha para tentar pegar a nuvem, vi que minhas mãos também eram diferentes e que também se podia ver através delas. Sentei e coloquei metade do meu corpo para dentro do rio e novamente fui surpreendido com a imagem gerada. Parte do meu corpo que colocara dentro do rio tinha uma aparência diferente do que eu via quando saia do rio. Uma grande confusão invadiu minha mente e por horas tentei descobrir o que estava acontecendo com o meu corpo, tentando desvendar os mistérios que se apresentavam a mim. Ainda perdido em pensamento me acomodei dentro do barco e fiquei admirando o curso do rio e a natureza em minha volta.

Estranhamente o barco, embora estivesse sobre o leito daquele rio, não balançava, parecia estar em terra firme e eu via as nuvens passando por baixo do mesmo como se fosse uma correnteza normal de um rio qualquer. Mas, definitivamente, aquele não era um rio como os que eu conhecia.

O meu tempo era preenchido por reflexões e analises de vida que me vinham constantemente em visões se materializando em minha mente. Eu que era agitado, nervoso até mesmo impaciente, ali experimentava todo o avesso de minha vida. Toda a revelação que me fizera conhecer os setes cavaleiros trazia-me arrependimento pela vida que vivi e uma grande paz. Distraído e perdido em pensamentos e visões, ao olhar para margem oposta ao barco, deparei com a presença dos sete cavaleiros e o Monitor de Deus. Os setes cavaleiros traziam a altura do tórax o Darpana (espelho) que traziam as cenas de minha vida. Subitamente começaram a flutuar sobre as nuvens que compunham o rio e se acomodaram em minha volta dentro barco. Transmitiam uma serena e confortável paz, além de uma graciosa segurança. Eu sabia que eles representavam meus pensamentos e podia ouvir estes falando comigo. Desta forma fui aconselhado a ficar de pé e um por um colocou seus Darpana à altura de meu tórax e estes iam aderindo-se ao meu corpo, um ao outro até se tornarem um só. Agora era eu que possuía os Darpana à altura do tórax. O último cavaleiro se aproximou e antes de me entregar o sétimo Darpana, transmitiu-me uma mensagem:

__ Estes são os registros de sua vida como habitante de Urântia. Uma nova jornada será iniciada, mas o que levas aqui registradas, o ajudarão a evoluir se assim o desejares. Aqui esta a essência da ínfima partícula que és e que deverá retornar a Cidade de Luz quando sua jornada for vencida.

Enquanto aquelas palavras invadiam meus pensamentos, olhava para aqueles cavaleiros e sentia a grande ternura, amor e paz que transmitiam. Mas tinha muitas dúvidas.

Suavemente o barco começou a descer o rio sem que ninguém o impulsionasse com remos ou qualquer outro instrumento. De repente olhei para o leito do rio e tive uma visão espetacular da Terra. Podia ver os continentes como se fora um astronauta orbitando o planeta. Ásia, Europa, Américas, rios, mares, desertos e florestas desfilavam aos meus olhos bem abaixo dos meus pés. Uma visão espetacular do planeta que eu jamais poderia imaginar que um dia viria. Em dado momento o barco parou e abaixo do mesmo as imagens de cidades do mundo inteiro com as pessoas atarefadas, correndo de um lado para outro, perdidas nos seus afazeres, indiferente ao seu próximo. Via-se o dia-a-dia carregado do ser humano. Guerras e outros conflitos, fome, doenças, catástrofes naturais e provocadas, desfilavam aos meus olhos em cenas enriquecidas com detalhes sangrentos e de grande crueldade. Sem percebe, as lágrimas tomavam conta de minha face e então entendi quem era Urântia. Quando cheguei a essa conclusão, vi que os cavaleiros confirmaram minha conclusão com um aceno positivo de suas cabeças. Estranhamente eles tinham lágrimas escorrendo por suas faces que eram a minha face. O barco retomou o curso enquanto novas imagens de Urântia iam passando sobre nossos pés. Uma profunda tristeza tomou conta de nós e nossas vestes voltaram a ficar sujas e rotas. Vi, que neste momento, o primeiro cavaleiro voltara a ficar acorrentado em maus pensamentos novamente.

As imagens da vida na Terra continuavam a ser exibidas sob as nuvens daquele estranho rio, parecia que eu estava sendo colocada a prova, pois inúmeras vezes apareciam cenas em que me via reunido com parentes e amigos em festas. Muitas vezes pude-me ver dirigindo meu carro, concretizando negociações financeiras no trabalho, viajando ou em encontros dominicais quando nos reuníamos para praticar esportes e até os amores vividos. Cada vez que via estas cenas, uma imensa saudade invadia meu ser como que me impulsionando a pular dentro do rio para voltar a Terra e viver tudo aquilo novamente.

Mas algo me fazia acreditar que aquele ato não seria correto e que eu tinha que seguir meu caminho até o fim e cumprir minha jornada, embora os prazeres na Terra exercessem forte influencia nas decisões. Mesmo sentindo saudades, procurei me conter e seguir até o fim daquela inusitada viagem.

Apesar dos dois Sóis que decoravam o firmamento e iluminava o céu azul, a temperatura era amena e não havia calor extremo. Sentia prazer ao ficar exposto aos Sóis. Fascinante lugar, magnífica beleza por onde passávamos, pois a noite podia se contemplar uma brilhante lua sempre cheia e magnificamente iluminada, além de estrelas que nunca havia admirado. A natureza exuberante acalmava meu ser e amenizava meus sentimentos de saudades dos entes queridos e do tempo vivido em Urântia.

O rio agora se tornara mais largo, aproximadamente o triplo da largura anterior. Acredito que a distancia entre as margens deveria contar com uns dez a quinze quilômetros de extensão e as imagens agora sobre as nuvens do rio não mais eram apenas da Terra. Imagens e cenas de outros locais com povos diferentes fisicamente de mim, podia se ver abaixo de meus pés.

Eu não conseguia entender o que estava acontecendo, mas sei que avistamos a frente de nós vários barcos igualmente contendo também cavaleiros, porém com mais pessoas dentro e os tamanhos dos barcos variavam de acordo com o número de pessoas dentro dos mesmos. Só não constatei mudança nos cavaleiros e todos os passageiros daqueles barcos tinham a mesma vestimenta que eu usava e também carregando Darpanas à altura do tórax. Dezenas, milhares, milhões de barcos navegavam naquele rio. Não identifiquei raças distintas de meu planeta, apenas havia diferença física de seres que não pareciam oriundos da Terra. Cheguei a esta conclusão quando uma imagem de outra galáxia com alguns planetas foi exibida no rio em detalhes mostrando magníficas metrópoles avançadíssimas em relação às cidades dos continentes que formam a Terra. Quando essas imagens mostravam aqueles seres em suas atividades corriqueiras, muitos pulavam do barco no rio e desapareciam. Inacreditavelmente quando isso acontecia, os Darpanas imediatamente voltavam um a um aos cavaleiros dos barcos e como se fora por mágica, estes desapareciam com os barcos sem deixar vestígios. Eu observava aquelas cenas e não entendia o que estava acontecendo, porém, presenciei vários passageiros deixarem seus barcos e mergulharem no rio como se buscassem alguma coisa ou empreendessem uma fuga. Notei que quando isto acontecia, os seres do meu e de outros barcos choravam silenciosamente, inclusive eu. Subitamente as imagens desapareceram e apenas uma imensa escuridão era exibida abaixo de nossos pés. As nuvens haviam abandonado o rio, os sóis abandonaram o céu e somente a escuridão era vista abaixo ou acima dos barcos. Confesso que o medo tomou conta de mim, porém, nesta hora senti o suave e confortador toque das mãos do meu Monitor de Deus sobre meus ombros e cabeça, parecia querer me acalmar e conseguiu. Não precisei o tempo que navegamos na escuridão, porém, em dado instante, novas cenas sobressaiam à escuridão se mostrando nitidamente a mim, foi então que entendi o que estava por vir. A imagem mostrava um ser de aproximadamente oito meses de vida dentro do útero materno. A cena fora retrocedendo muito rápido até mostrar um lugarejo de uma cidade antiga. Pude me ver nesta cidade enquanto rapidamente a cena retrocedia, mostrando novamente outros locais e minha vida nesses lugares. Por último, apareceu pra mim a visão de um sistema solar. Neste sistema pude ver um planeta juntamente com seis luas girando em torno de um pequeno sol. À medida que a cena ia penetrando naquele sistema, vi uma magnífica metrópole composta por construções de cor prata e ruas adornadas com pisos que pareciam diamantes, Veículos tripulados sem condutores, pequenos transportes voadores. A metrópole ocupava o único continente daquele planeta que era composto aproximadamente por 60% de terra e 40% por um único oceano de intensa cor vermelha. Notei uma civilização compostas por homens, mulheres e crianças muito brancas, muito alvas. Todos tinham estatura muito alta para o padrão da Terra, aproximadamente uns três metros. Embora não conseguisse entender por que estava sendo mostradas a mim aquelas imagens, pois em nenhum momento pude associar-me aquele magnífico planeta e sua bela civilização. As imagens continuaram mostrando a vida naquele planeta até exibir um belíssimo e moderníssimo edifício onde uma grande mesa em forma de “U” abrigava homens e mulheres que pareciam debater alguns assuntos. As imagens mostravam um a um, cada componente daquela reunião. Eu assistia a tudo fascinado, pois sempre acreditara em vida fora da Terra. De repente tive que me conter para não pular sobre aquela imagem, pois me identificara entre aqueles seres. Guardando as proporções de estatura, a aparência física, o rosto era o mesmo que o meu. Chorei copiosamente sem saber o porquê, apenas deixei-me levar pelas lágrimas e se não fosse o reconfortante toque das mãos do Monitor de Deus, eu teria me jogado no rio tentando inutilmente recuperar a minha vida naquele magnífico planeta. Novamente a escuridão tomou conta de tudo e aos poucos foi nos abandonando e a paisagem de outrora voltando a nos contemplar com sua beleza.

Minha mente trabalhava para tentar descobri ou me lembrar da minha vida naquele planeta. Quantas vidas eu teria vivido? Quantos planetas meu espírito passou? Como eu fui? Quem fui? Quantas perguntas eu tinha para ser respondida. Pretendia buscar naqueles seres respostas para minhas perguntas e quando me virei para interrogá-los, fui surpreendido e então eles me falaram:

__ Estais diante de tuas encarnações. Cada um de nós lhe mostrara uma vida vivida em várias ocasiões por você nos planetas Urântia e Dragston. Dragston foi sua primeira expiação e aprendizado após ter partido da Cidade de Luz e antes de encarnar em Urântia.

__ Por que em Urântia encarnei tantas vezes? _ Perguntei.

__ Urântia é um planeta universalmente conhecido pelos seus problemas de desigualdade e violência. É tido pelas nações dos universos como um planeta bélico. A encarnação vivida em Urântia é de suma importância para evolução do espírito e para socorrer e mudar a concepção dos habitantes de Urântia.

__ Perdoe-me, mas em que eu pude contribuir para melhorar as condições sociais em Urântia. Eu cometi vários erros e nunca fui um cidadão exemplar e se quer soube respeitar e ajudar meu próximo._ Indaguei surpreso.

__ Responda-me: Se tivesses a chance de contribuir novamente para a melhoria das civilizações de Urântia, você encarnaria novamente lá?

Pensei e respondi...

__ Sim. Eu voltaria quantas vezes fosse necessário e permitido, pois realmente a situação de Urântia provoca tristeza e vergonha a seus habitantes.

__ Pois assim o fizeste por várias vezes. Fostes tu que escolheste a encarnar em Urântia por vezes, porém agora não lhe será mais permitido, pois encerrastes tua missão neste plano. Serás agora designado a outro plano para que possas evoluir.

Embora eu não tivesse conhecimento das minhas outras encarnações e muito menos o que eu havia feito de bom para o meu planeta, aceitei os esclarecimentos dos cavalheiros que guardavam a consciência dos meus pensamentos. Mas, uma última pergunta:

__ Por que vocês choraram e por que os barcos desapareceram juntos com outros quando os passageiros se jogavam no rio?

__ Quando um passageiro se joga ao rio é porque ele não conseguiu assimilar os ensinamentos de suas encarnações. Ficam presos ao local de sua encarnação por vários motivos, muitos desses motivos são matérias. Jogando-se ao rio ele anula tudo que foi feito e deverá refazer todo o caminho, ou seja, encarnar mais vezes. Por isso choramos e desaparecemos, pois todos os registros foram apagados e esse espírito terá que ser novamente resgatado para retomar o caminho de volta a Cidade de Luz.

__ Falaste em sete encarnações?

__ A encarnação não é obrigatória, mas o espírito precisa evoluir e resgatar suas ações e sete vidas lhe é permitido neste plano e setor do universo. Somos em número de oito, pois a primeira vida que o espírito vive após partir da Cidade de Luz é para conscientização de sua missão no universo e integração com seu Monitor de Deus. Dragston é um planeta onde se materializam os espíritos. Não há encarnações em Dragston.

__ Dragston?_ Interrompi.

__ Sim, porém há outros sistemas como Dragston destinado a realizar a conscientização e aperfeiçoamento dos espíritos. São conhecidos como Escolas do Criador.

__ Dissestes que Dragston é um dos sistemas. Quantos mais existem? Podes citar alguns?

__Sim. Marduk, Angston, Nazaron. Entre outros.

__ Eu irei conhecer todos esses? Indaguei curiosamente.

__ A principio retornaras a vida em Dragston e lá será designado e escolhido sua nova jornada por ti e pelos guardiões. Mas não será mais permitido a retornar a Urântia. Isto só aconteceria se tivesses se jogado ao rio nos momentos de provações. Por isso estamos felizes, pois nossa missão foi cumprida...

__ É difícil se afastar de amigos e familiares... Assenti.

__ Todos são oriundos da Cidade de Luz, portanto todos formam a grande família universal. Laços carnais se rompem facilmente, principalmente quando envolvem valores matérias. Mas os laços que atrelaram os filhos do Criador na Cidade de Luz nunca se romperão, pois é obra de todos os universos e dos criadores de vida.

O rio chegara ao fim desembocando num magnífico lago de proporções gigantescas composto igualmente por aquelas nuvens. Milhares de barcos estavam reunidos esperando algo ou o próximo acontecimento. Não havia mais imagens passando sobre nossos pés, mas notei que não estávamos vestidos com a vestimenta anterior, Aliás, não tínhamos mais nenhum tecido cobrindo nossos corpos, pois estes haviam ficado de uma forma diferente composto por uma pele brilhante. Não tínhamos sexo, não éramos homens, não éramos mulheres. Não tínhamos raça, não éramos brancos ou negros, vermelhos ou amarelos, asiático ou ariano, africanos ou europeus. Apenas filhos universais, destinados a mais uma etapa da evolução espiritual rumo ao retorno à Cidade de Luz.

Subitamente todo lago foi iluminado por magnífica luz de grandeza indescritível. Acima da luz, uma imensa nave de um prateado incrível e de proporções descomunais que tomava conta de quase todo o belíssimo céu azul com sua forma circular. Em cada barco fundiam-se num só corpo cavalheiros guardiões das consciências de nossos sete pensamentos, ficando nos barcos apenas os desencarnados e seus Monitores de Deus que após a fusão os corpos emitiam forte luz. Contemplei a elevação daqueles milhares de seres no espaço como se fossem sugados pelas luzes daquela imensa nave. Dezenas, centenas, milhares de seres eram sugados pelos fachos de luzes brilhantes e coloridos que saiam do centro e das laterais da magnífica nave. Paz e satisfação eram o que se sentia diante daquele fabuloso espetáculo. Eu agora me tornara um corpo de luz e flutuava rumo ao meu transporte e quando erguido pela forte luz, houve a integração definitiva de meu Monitor de Deus. Integrados assim estavam agora eu, meu Monitor de Deus e os sete cavalheiros guardiões das consciências dos meus sete pensamentos.

Neste momento por minha cabeça passava a lembrança da última visão da Terra. Abaixo dos meus pés passava a cena de amigos e familiares tristes e chorosos se despedindo de mim ou do corpo que jazia sem o brilho do espírito dentro de uma caixa mortuária. Ali iniciava a minha partida.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA (INSPIRATIVA):

A GÊNESE - ALLAN KARDEC

CONTATOS COM OS DISCOS VOADORES - DINO KRASPERDON

DEUSES, TUMULOS E SABIOS - C W CERAM

O TESTAMENTO DE SÃO JOÃO - J J BENÍTEZ

TRADUÇÃO:

Do GAJARATI para PORTUGUÊS (Brasil).

Blu leka - Lago Azul

Darpana - Espelho

PLANETAS FICTÍCIOS:

Dragston, Marduk, Angston, Nazaron

OUTROS:

Urântia - Planeta Terra

Esta é uma obra fictícia, qualquer semelhança com outros fatos ou pessoas, será mera coincidência.

Todos os direitos reservados.

Renato Galvão
Enviado por Renato Galvão em 14/02/2016
Reeditado em 10/07/2018
Código do texto: T5543749
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