Uma Rosa para Berlim - Vinho, poesia e pensamento voando

- Durante todo o ano de 36 passo a fazer programa. Gaal volta e meia me encon

tra. O ano de 37 começa com uma visita a meus pais. Então passo a fazer progra

ma rasgadamente e então conheço a liga da juventude feminina Hitlerista e passo

a frequentá-la. Estudo na BDM até 1939. Neste ano volto para o bordéu e só saio

dele no final do ano para a casa de meus pais...

- acabamos com o vinho ! - falo olhando para a garrafa vazia e para Marija que

acabou de narrar sua história. Levanto e olho para as horas - 23 horas do dia

19 de fevereiro de 1945. Saudades de tudo e de todos e de todas as minhas

amigas...- Marija se aproxima e nos abraçamos e depois vamos juntas para a

janela onde ficamos olhando tropas passando. Ouvimos barulho de alguns carros

e motores de aviões. Passamos a cantar Lili Marleen e choramos juntas.

A noite está fria e vou até o quarto pegar um cobertor para mim e para Marija.

Nos enrolamos no cobertor e então crio uma poesia. Algo doido vem em minha

mente e falo.

Só barulho de motores...

Horrores que virão.

Quem é o mocinho ?

Quem é o vilão ?

Julga mocinho o que invade...

Liberta de uma ilusão...

Estupra mulheres e...

Trata criança como vilão.

Julga vilão todos que obedeciam...

Com fé cega caiam,

Lutando sem razão...

Sem amor no coração...

Por um ideal criado,

No ridículo caido.

Pelo ódio engolido!

Começo a chorar e então fico olhando para o céu escuro. Volto para a pensão

de Berlim em 11 de novembro de 1940. Eu e Marija na janela. Primeiras horas.

Marija sai do quarto me deixando ali. Noite fria e eu pego um cobertor e me enrolo

nele. Um barulho e olho para trás vendo Marija chegar com uma garrafa de vinho.

Na outra mão 2 taças. Distribui o vinho e bebemos bem lentamente olhando para

a rua entornamos o vinho goela a dentro e adormecemos ali mesmo. Antes de me

deitar ao lado de Marija que quase ronca, arranjo travesseiros e mais cobertores.

Coloco um travesseiro debaixo da cabeça de Marija e a cubro para não sentir frio.

Escovo meus dentes e me deito ao lado dela. 11/11/1940.

Logo adormeço.