FAMÍLIA: É a base de tudo! (EC)

A honesta prole da família Gutenberg estava em polvorosa!

Não poderiam acreditar que justamente João, que sempre fora utilizado pelos irmãos como modelo de integridade, correção, ética e moral, estivesse envolvido em tremenda celeuma!

Logo ele que sempre defendia a moral e os bons costumes havia se envolvido com a Glorinha, menina tida e havida como pervertida e que vivia se enroscando com qualquer elemento pelo qual nutrisse qualquer afeição!

E que, em evidente golpe, ela havia engravidado com o fito de fazê-lo amarrar-se a ela, aos olhos de todos, menos dele, para usufruir de uma vida cômoda e poder seguir em sua vida libertina e sem maiores compromissos...

O senhor Abelardo, patriarca da família, moderadamente, como era de seu feitio, resolveu convocar um reunião familiar, que deveria contar com a presença de todos os cinco filhos, sendo o João, o Pedro, o pequeno Lucas, a Janete e a Jane, e mais ele próprio e a inconsolável dona Gertrudes!

Na convocação feita, em seu falar comedido e moderado, o senhor Abelardo esclareceu todos que seria uma reunião que havia aprendido com um amigo do serviço, onde seriam analisadas e feitas tentativas de correção nos rumos que estavam sendo tomadas as coisas no seio familiar, através de comportada discussão, onde todos teriam direito a palavra, confissão de erros que porventura houvessem sido cometidos por todos os integrantes, dando chance para fossem ouvidas eventuais demonstrações de arrependimento, com uma compensação mútua dos não efetivamente envolvidos e possibilidade de perdão.

Esclareceu ainda o convocante, que tal estratégia para análise da situação em voga, como todos que lá já estavam devidamente cientes, estava fixada em procedimento análogo levado a cabo no Hawaii, onde esta espécie de higiene mental familiar é bastante praticada e que é batizada como Ho’oponopono!

A família, unida e concentrada, permanecia em silêncio ouvindo as palavras do patriarca!

E, em meio ao silêncio quase sepulcral reinante, ouviu-se um inicio de soluçar, que aos poucos foi transformando-se em um convulsivo choro!

Quase que de imediato todos os olhares volveram para onde partia o som!

Cabeça baixa, mãos cruzada junto ao peito, era João que vertia dolentes lágrimas!

O patriarca, com um simples menear de cabeça, fez com que todos voltassem ao estado no qual se encontravam anteriormente. No silêncio quase sepulcral que se fez novamente, apenas maculado pelo contidos soluções de João, quase sussurrou:

--- Família! Nosso querido João está com um problema e todos nós devemos nos concentrar para que haja uma solução honesta, decente e conciliadora para o caso. Obviamente, havemos de convir, que como se trata de um problema do João, nada melhor que lhe passemos a palavra para termos uma noção exata do que se passou e se passa no estado atual das coisas... Em sendo assim... Querido filho, em sendo de seu desejo, todos nós estamos esperando pelo que tem a nos dizer!

Após breves segundos, João ergueu a cabeça, descruzou as mãos que mantinha cruzadas junto ao peito, apoiando-as sobre a mesa, respirou profundamente e iniciou:

--- Peço-lhes perdão pelos eventuais constrangimentos que os fiz enfrentar, principalmente mamãe e papai! Cedi aos anseios do desejo e verdadeiramente mantive algumas relações carnais com a Glorinha. Nunca fui e nunca serei homem de negar meus procedimentos... Porém, totalmente ciente de que Glorinha nunca foi e creio que nunca será mulher de um homem só, aceitei o desafio de relacionar-me com ela. E, em sendo assim, como fomos doutrinados nos procedimentos repassados em nosso lar, não me olvidarei em assumir, em sendo devidamente comprovada a minha paternidade, a parte que me compete em cuidar do ser que não pediu para vir, mas que será ingresso neste nosso mundo! Graças aos alicerces que me foram proporcionados pela família, sei que não terei quaisquer dificuldades em cumprir minhas obrigações perante a sociedade e principalmente perante nosso Criador! Antecipo-me ao papai e solicito a todos para que fiquem em pé para que rezemos em uníssono a oração que o próprio filho do Criador nos ensinou quando por aqui esteve!

Como se houvessem anteriormente ensaiado, todos se levantaram, deram-se as mãos e vigorosamente repetiram:

Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o Vosso nome.

Venha a nós o Vosso Reino.

Seja feita a Vossa vontade, assim na Terra como no Céu.

O pão nosso de cada dia nos dai hoje.

Perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido.

E não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.

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"Ho'oponopono" é definida no dicionário havaiano 11 como "higiene mental: as conferências da família onde as relações são corrigidas através da oração, a discussão, a confissão, o arrependimento, a compensação mútua e perdão".

Literalmente Ho'o é um termo usado para converter no próximo verbo material. Neste caso, transformado em um verbo substantivo "pono", que é definido como:

"Meu Deus, justiça, moralidade, qualidades morais, procedimento adequado ou adequação, a excelência, bem-estar, prosperidade, benefício, condição verdadeira ou natural, dever, direito, correto, justo, virtuoso, benéfico, bem sucedido, de modo perfeito, exato, direito, desde que com o devido alívio necessário."

Ponopono é definido como "endireitar; arrumado e em forma, alterar, rever, ajustar, regular, reparar, corrigir, a ordem, a disciplina ou dispostas ordenadamente.".

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Este texto faz parte do Exercício Criativo - Hooponopono

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