ARREPENDIMENTO (EC)

Olhar para dentro

Invisível atormenta

Arrependimento

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A IMAGEM

O primeiro ato ao despertar era apalpar o colchão à procura de alguém que não estava. Confirmada a ausência, sorria para o criado-mudo, lançando um beijo em sua direção... Sempre a perder-se no infinito irreal do sonhar... Atrás, seguia-se um par de lágrimas...

Cada amanhecer repetia o ritual.

Gravado eternamente na pequena foto amarelada de um tempo virtual em preto e branco, um sorriso farto do afeto comum aos enamorados.

Tempo voltasse...

Não partiria intempestivamente...

Perdoaria...

Naquele dia, longe, não foi essa a decisão.

Saiu...

Umas roupas, uns objetos pessoais e outros comuns, entre os quais a foto num envelope, dentro de um livro, com uma mensagem de carinho no verso.

Como a marcar a página de uma leitura de um romance interrompido.

Onde não se poderia imaginar o destempero de um dos protagonistas causasse tanto arrependimento e um final infeliz.

OS DESEJOS

De princípio, o orgulho antagonizou a intermitente saudade. Afinal, “não se deve chorar sobre o leite derramado”.

Um detalhe atrapalha esse cruel raciocínio: “Sentimento não é algo concreto, a encontrar-se na prateleira”.

Tentativas de novos relacionamentos... Todos mornos... Ausente a necessária ardência da inexplicável química das paixões.

Paciência!

Encontraria quem pele a pele completar-se-iam novamente.

Dias venceram-se...

Meses passaram-se...

Anos voaram...

DESFAZENDO-SE PELO TEMPO

O tempo foi tanto que era confuso o motivo do desentendimento final.

Talvez um olhar cruzado com outra pessoa?

Talvez um telefonema subitamente interrompido ao barulho da chave na porta?

Talvez a alusão repetida de colega do colégio?

Quantos motivos de ciúme existem?

No fundo sabia o motivo...

Mas, de verdade, esquecera se fora seu arbítrio partir ou convidado a tal.

Certa época, o arrependimento venceu e trazendo a coragem esperançosa da volta.

Tardia decisão.

Telefone respondia persistente: “Esse número não existe”!

A visita de surpresa, inútil. Outro casal morando no endereço.

Desconheciam.

Ouviu de uns, lá e cá, houvesse voltado para a cidade de infância.

O ânimo da procura esvaia-se quando outros lhe diziam da partida na companhia de novo amor.

Diariamente, após análise dos planos e decisões audaciosas, típicas das madrugadas insones, refletia: “Melhor não! Um encontro poderia causar mais estragos”.

Mais sensato sofrer às sós...

Pedia perdão à foto.

De certo, somente a realidade de não poder reconstruir o passado.

Que não voltaria...

Inalcançável...

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A imagem...

Os desejos...

Desfazendo-se...

pelo tempo...

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Este texto faz parte do Exercício Criativo – Perseguição - Saiba mais, conheça os outros textos: http://encantodasletras.50webs.com/perseguicao.htm

Pedro Galuchi
Enviado por Pedro Galuchi em 18/05/2015
Reeditado em 24/05/2015
Código do texto: T5245741
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