Terminal Rodoviário

Era um domingo a tardezinha, o sol estava se pondo. No horizonte, havia um risco avermelhado um artista plástico estava finalizando sua obra de arte. Sentei em um banco em forma de concha e passei a observar, ali passavam seres de todos os níveis sociais e culturais. Crianças sem camisa, pés descalços... Senhoras com sacolas plásticas, com que levavam o que ganham. Casais que passam de mãos dadas, muitos rápidos. Sinceramente! Ansiedades, para embarcar e sair desse local. Pombos que revoam e fazem seus ninhos próximos às colunas, e pardais que saltitam atrás de migalhas deixadas pelas crianças. Cantinho do mundo com suas particularidades. Todos estão com seus objetivos em mente. Um andante se aproximou e pediu uma esmola. O senhor tem algumas moedas? Sim, tenho!Tenho que comer algo estou com muita fome. Voz fraca e tremula. Rosto sofrido com muitas marcas de expressão, mãos sujas e rachadas pelo frio, embora compreensível. Então perguntei. Como se chama? Raimundo senhor. Dizem que, Raimundo vem da palavra mundo. Senhor, eu só quero algumas moedas. Vou compra-lo um lanche, pode ser? Sim, eu espero aqui. Toma s.r. Raimundo, mandei fazer no capricho e ainda trouce um suco. Sentou-se ali mesmo, e literalmente devorou aquele lanche. Eu só o olhava, quando ele dispersava com a visão. Foi então quando me falou: Estou nessa situação por não aceitar a vida como ela é. Como assim? Não entendi s.r. Raimundo. Achava muita responsabilidade, uma casa, trabalho, família... Já teve tudo isso, perguntei? Sim senhor! Quer ter tudo novamente? É o que mais quero nessa vida! Então deves fazer o seguinte, dê valor a tudo que tens hoje, seu alimento, mesmo quando não o tem suficiente para matar a fome, o oxigênio que respira e até mesmo o abrigo embaixo de uma marquise, naquelas noites geladas... -Quando temos muito, sem gratidão parece tão pouco. Quando se tem quase nada, com gratidão é abundante. Sim senhor! Hoje mesmo retornarei para minha família, e serei o homem mais feliz do mundo.