O AMIGO OCULTO = EC

 
   Joana não via com bons olhos a amizade da filha com o Seu Farias.
  
   No passado tivera uma triste experiência de um romance com o chefe do qual só ficou o constrangimento, a mágoa e Iris, a filha, único consolo e incentivo para continuar vivendo.

    — Ele é bonito, muito educado, muito divertido...

   — Cuidado! Mantenha distância dele, é mais velho do que você, tem outro nível social... 

  ----Puxa, mãe! Que mal há da à gente conversar um pouco?

  --- É assim que começa...

   Sua triste experiência no passado tornou Joana uma pessoa pessimista e desconfiada. Agora vigiava a filha como se uma simples amizade com um rapaz fosse um perigo iminente

  --- Íris levava na brincadeira os cuidados exagerados da mãe, mas sabia que quando tivesse um namorado de verdade ia ter grandes problemas com ela.

   Aproximava-se o Natal e na empresa onde Iris trabalhava os funcionários se reuniram para fazer o sorteio do tradicional "Amigo Oculto".

   Iris imaginava-se a amiga do Hélio, digo, do Seu Farias, e passava horas pensando em como seria a revelação, que presente lhe daria, o que lhe diria...

   Mas, para sua decepção, quem pegou o cobiçado papelzinho com o nome dele foi a Vera, uma periguete que estava sempre dando em cima dele.

"Você não conhece o Restaurante Chinês que acaba de abrir? A gente podia ir conhecer, eu, você, a Íris..."

Ele sorr e, muda de assunto:

   —Já conferiu aquelas faturas?

   A Íris ficava em brasas: menina assanhada, imagine se eu vou sair com o Chefe... e ela. Quem ela está pensando que vai segurar a vela?”.

   O seu amigo oculto deixou de ser oculto, pois ela alardeou para toda a seção sua sorte e não falava em outra coisa que não fosse o presente que lhe daria.

Começou a cantilena de todo ano:

“Minha amiga é uma moça muito bonita.”.

“Meu amigo é um colega muito querido...”.

Quem seria a amiga dele? Que demora! Que ansiedade!

Quando chegou a vez da Vera ela não economizou adjetivos para anunciar seu amigo Hélio, vulgo seu Farias, o que mais uma vez deixou a Íris mordida.

Agora era a vez dele, e qual não foi sua surpresa quando depois de agradecer polidamente o presente da Vera declarou:

   Minha amiga é a Iris e eu tenho um presente muito especial para ela.
I
   Abriu  o estojo onde havia um par de alianças e Iris ficou olhando para ele sem saber o que dizer.
  
   Ele, como sempre muito seguro de si, falou:

   Íris quer namorar comigo?

  Pegou uma das alianças, colocou no dedo dela e estendeu a mão para que ela colocasse a sua.

 Ela pegou o anel com a mão trêmula, toda atrapalhada e acabou derrubando no chão.

  Alguém apanhou para ela que finalmente conseguiu colocar no dedo dele.

  Você não respondeu. Quer namorar comigo?

  Por fim ela encontrou a voz:

   Sim!

   Abraçaram-se e os colegas que até então se mantinham em silêncio, meio surpresos, meio divertidos, bateram palmas gritando:

  Beija! Beija!


  E a Dona Joana teve que reconsiderar sua opinião a respeito de namoro de chefe com subordinada.
 
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Este texto faz parte do Exercício Criativo
O AMIGO OCULTO
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Maith
Enviado por Maith em 27/01/2014
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