Atrás da casca

Aqueles olhos viram alguma coisa diante do espelho, mas não ousou dizer uma única palavra, pois teve medo de que o brilho deles fosse embora de novo, fazia tempo que não sentia confiança em si mesmo e ver aquela determinação era algo raro, quase improvável. Não o julguem por filho de Narciso, nenhum traço ou ínfima gota de sangue define a gene ou arquitetura de seu perfil, apenas se perdeu por alguns instantes no magnetismo de sua própria ótica e então afogou-se naquela imensidão, não era mar, se quer eram azuis, mas, negros, feito o mais terrível breu ou como uma noite sem estrelas com uma fresta de luz nascendo bem lá no fundo e permitindo emergir no canto dos lábios um sorriso de esperança. Narciso não, não, Narciso não, apenas e finalmente... vivo!

Héryton Machado Barbosa
Enviado por Héryton Machado Barbosa em 24/01/2014
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