RAZÃO E EMOÇÃO

As duas, Razão e Emoção, lado a lado, assistiam A um programa musical na TV. Músicas românticas, “de época”, que lhes traziam diversas recordações.

Razão, como sempre, tudo tentava entender: Por que esse cantor e não aquele? Por que essa música e não aquela? Esse cara canta muito mal, né?

Emoção, quieta, olhar perdido na tela, só assistia sem nada dizer.

Muitos comentários e palpites depois, Razão finalmente percebeu que sua companheira estava completamente silenciosa. Sem que a outra percebesse, olhou-a por alguns instantes, respirou fundo e – com um quê de compreensão – abraçando-a carinhosamente, cochichou em seu ouvido: “Poxa, desculpe! Eu não havia percebido que você andava tão triste”. Como a amiga nada respondesse, voltou sua atenção para a TV – desta vez calada –, respeitando o silêncio da outra.

Emoção, ouvindo o comentário da velha companheira, suspirou, enxugou duas lágrimas que tentavam escapulir e mergulhou mais fundo ainda no mar de saudade que, música após música, crescia em seu coração.

Segundo dizem os vizinhos, naquela casa, essa foi uma das poucas vezes em que Razão deixou Emoção se manifestar livremente.

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Sykranno
Enviado por Sykranno em 29/12/2013
Reeditado em 15/10/2017
Código do texto: T4629665
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