A HISTÓRIA DE UM GATO DE RUA QUE DEVERIA SER BOB 
      DEPOIS PASSOU A SER CHAMADO DE MEL GIBSON
 
 
          Todo dia levanto cedinho com o alarme de meu celular tocando, levanto-me e depois de um demorado banho tomo um copo de iogurte com umas barras de cereais, volto ao quarto encontro minha esposa, ainda deitada e pergunto:
          -Amor, Eu já falei que te amo hoje ?
          E antes mesmo que ela responda, completo:
          -Eu te amo!
          E com cara de felicidade Ela responde:
          -Eu também te amo!
          Mais rápido do que depressa, pego meu possante e vou pra labuta. Pendurado no retrovisor de meu carro, um terço que trás na parte central uma medalha de São Francisco de Assis, minha mão dirige-se ao crucifixo com a imagem de Jesus, faço uma oração agradecendo mais um dia de vida e peço proteção para o novo dia que amanhece.
          Depois de alguns instantes chego à empresa onde trabalho, tenho que tomar cuidado para não atropelar os inúmeros gatos que rondam pra lá e pra cá o pátio do estacionamento do Iraque, como é conhecido o setor da área de plantão da empresa onde trabalho.
          Mas nosso conto é inspirado na história de um filhote de um casal de gatos, e a vocação de Nynha, de procriar de quatro em quatro meses, é só suas crias desmamarem que a mãezona volta a entrar no cio. Impressionante.
          Nynha é uma gata linda de cor cinza com pintas pretas, rabo fofo e de uma meiguice cativante. Seu companheiro era um gato branco bonitão chamado Mustafá, seu pelo liso e fofo parecia um floco de algodão, era como se fosse o paizão da cambada e impunha respeito no pedaço. Sim, impunha, porque Mustafá partiu, apareceu morto, provavelmente foi atropelado. Lamentamos, ele era muito querido. 

            
      
 Nynha ao lado Mel Gibson
 
 
          Quase sempre antes de subir para minha sala, que fica  no primeiro andar, dou uma espiadinha na turma. Nynha e seus gatinhos geralmente ficam numa caixa de papelão ao lado da porta da sala da copa, às vezes os filhotes dão um giro para fazer um reconhecimento do local, mais a gatarrada toda, como sempre, estão por lá fazendo suas boquinhas e fartando-se nos potes de ração e água. Quem cuida dessa área é um casal de colegas que trabalha no setor, Fernando e Buriti, que providenciam a alimentação e retribuem com atenção e amor os carinhos recebidos. Os felinos são livres, vão e voltam, por isso, às vezes, alguns aparecem machucados e carecem de cuidados especiais e mais atenção.
          Em abril de 2013, Nynha deu cria a três gatinhos. Apaixonei-me por um de olhos azuis, pelo bege claro com manchas marrom nas patinhas e orelhas, era muito fofo e bonito, em conversa com a dona Vânia, a nossa colega da copa, mostrei interesse por ele, e Ela falou:
          -É macho.
          Fiquei observando a ninhada por alguns instantes, depois levantei o gatinho de olhos azuis com a mão esquerda a altura de meus olhos, fitando-o disse:
          -Vou te levar pra casa, tu vai ser meu.
 
   
                 
Primeira foto de Mel Gíbson: Vou te levar pra casa, tu vai ser meu!
 
          Tirei uma bela foto dele no celular, queria mostrar a minha esposa aquela fofura porque já tinha comentado com ela meu desejo de trazer esse filhotinho de gato pra nossa casa, tendo Ela concordado.  
          Passaram-se alguns dias e assim foi feito, fiz uma surpresa quando cheguei em casa com aquele minúsculo gatinho de olhos azuis que mal cabia na palma de minha mão. Minha esposa adorou, ela também ama animais, pegou, fez alguns carinhos e perguntou:
          -Que nome vamos dar a ele.
          Prontamente respondi:
          -O que achas de “Bob”?
          Ela adorou e dando um beijinho disse:
          -Seja bem-vindo a sua casa Bob.
          E prontamente ofereceu uma porção de leite diluído n’água, na concha que ela formara na palma de sua mão, ele se fartou se lambuzou, se acomodou e dormiu. Começava aí uma bela história de amizade e amor entre Bob, Roberta minha esposa e Eu. No outro dia saímos e compramos cama e outros utensílios para ele. Era Bob pra quí, Bob pra li, era o xodó da casa e lá mandava e tinha mais regalias que Eu.
          Depois de alguns dias levamos o Bob ao veterinário, ele deveria ter aproximadamente uns quarenta dias de nascido, e tomamos um susto quando o médico falou:
          -É uma gata!
          -Ah! Não, exclamou minha esposa.
          -Como é que vai ser se ele já está se acostumando a ser chamado de Bob. Que vexame, temos que pensar em outro nome para a gatinha.
          Tomou vacina, foi examinada e o veterinário completou:
          -Nesta idade é difícil diagnosticar o sexo dos felinos, mais acho que é uma linda gatinha.
          Ainda desconfiados, fomos pra casa e discutimos qual o nome que deveríamos chamar nossa gatinha.
          Minha esposa sugeriu:
          -O que acha de Bo.
          E Eu respondi:
          -Sendo seu pelo bege com toques da cor de mel, sugiro que a chamemos de Mel.
          -Ótimo! Gostei, respondeu ela.
          E assim ficou o gatinho que era Bob depois da nova descoberta passou a ser uma gatinha chamada Mel. Agora era Mel pra cá, Mel pra lá e continuava sendo a alegria da casa.
          Depois de alguns meses, de volta ao veterinário para tomar nova dose de vacina, tivemos outra surpresa, examinando com mais cautela nossa gatinha o médico disse:
          -Desculpem gente me enganei, não é uma gata, é um gato!
          Nossa fisionomia transformou-se num misto de descontentamento e revolta e minha esposa falou:
          -Como! Um gato.
          -Sim, respondeu o veterinário.
          -E com muita saúde, completou dando a vacina antirrábica. 
          Saímos do consultório e fomos pra casa, com um gato macho chamado Mel. Mais como pode um gato macho ser chamado de Mel, pensava Eu com meus botões. E minha esposa também estava triste com a novidade, porque nossa “gata” se acostumara a ser chamada de Mel e agora não era gata na verdade era um “gato”, e ficamos de escolher um novo nome para ele.
          No outro dia minha esposa quando chegou ao seu trabalho, comentou com uma amiga o ocorrido com o equivoco da troca de sexo de nosso felino. Falou que ele já atendia quando chamávamos de Mel, e acenava balançando o rabinho parecia responder ao nosso chamado.
          E a amiga, estalando os dedos num clik, respondeu:
          -Gibson... Mel Gibson, seu gato é tão lindo e merece o sobrenome do ator americano, tão belo quanto seu Mel e os dois são mesmo uns gatos.
          E minha esposa contente fez um ar de riso e repetiu:
          -Mel Gibson! ...Adorei.
          E assim foi batizado, até hoje lá em casa nosso astro tem demonstrado amizade com todos que chegam em sua volta, é impressionante quando demonstra sua carência de afeto ao esfregar sua cabeça em nossas mãos fazendo e pedindo carinho, da mesma forma retribuímos seus dengos e oferecemos além de amor uma vida digna para um felino ser feliz. Ele todo dia nos espera atrás da porta com um sentimento de saudade e amizade. É nosso astro rei, sempre ao nosso lado até quando estamos no notebook teclando ele quer ser nosso mause. 
 
       
  Momento Íntimo Mel Gibson e Lunna             Lunna aos 50 dias de nascida
 

          Hoje Mel esta mais feliz, ganhou uma companheira, uma gatinha branca chamada Lunna, de pelos macios e sedosos tal um floco de neve, muito carinhosa e carente, já faz parte de sua vida.
          Este é nosso felino macho, chegou lá em casa e ganhou o nome de Bob, passou uns dias sendo chamado de Mel.
          Agora é o nosso astro rei, simplesmente como diz minha esposa:
          -Mel Gibson... Meu gato!