NA ILHA DA AVENTURA

Estávamos eu e João em Florianópolis. Ambos sem namorada, em férias de verão. Quando se tem vinte e poucos anos, não se pensa em muita coisa além da possibilidade de um encontro amoroso.

Assim, planejamos sair à noite e badalar pelos bares da Baía Norte. Vestimos nossas melhores roupas, caprichamos no perfume e lá fomos nós flanar pela night.

Os bares estavam lotados, era uma sexta-feira muito quente. Com dificuldade, conseguimos um lugar e começamos a espichar o olhar em volta. Muitas menininhas lindas que não nós davam nenhuma atenção.

Mais um chopp: pedimos ao garçom.

Olhamos novamente e vimos dois pares de olhos que retribuíram nosso convite. Eram duas mulheres, um tanto veteranas, mas como não tínhamos “pegado” nada, aceitamos de imediato.

Conversa vai, conversa vem, ficamos sabendo que eram professoras e moravam em Santa Cruz. João perguntou onde estavam hospedadas e elas responderam que num apartamento próximo, com outras amigas.

Pensando em fazer uma tremenda festa com as coroas, nos insinuamos. Os sorrisos desapareceram e o retorno foram respostas evasivas e o pedido da conta.

Indignados, pedimos a conta, também. Saímos do bar e percebemos que não havia mais ônibus na cidade.

Pegamos um táxi e pedimos para retornar para a área do aeroporto, do outro lado da cidade. Dentro do veículo, vimos que nossa grana era pouca e ficamos olhando desesperados o taxímetro.

Quando ele empatou com o dinheiro em nosso bolso, pedimos para parar. O motorista estranhou, resmungou, mas parou o carro. Nosso ponto terminal era bem no meio de uma estrada. Pagamos e saímos caminhando em meio à escuridão.

Breve a noite quente cedeu lugar a uma chuva torrencial e eu não sabia se ria, chorava ou enchia o João de porrada.

Felizmente, optei por caminhar e voltar vivo ao lar. Pelo menos, para poder contar esta estória.

João já seguiu viagem para outras dimensões. Faz algum tempo. Quem sabe lá do ciberespaço astral ele esteja sintonizando estas linhas. Quem sabe possa dar um curtir ou compartilhar este carinho sincero que derramo nesta alva tela.

Ou esteja muito ocupado, nesta hora.

Ricardo Mainieri
Enviado por Ricardo Mainieri em 28/08/2013
Reeditado em 29/08/2013
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