PELO CIRCUITOI INTERNO DE TV = EC



Era uma cidadezinha como muitas outras, rodeada de pequenas propriedades agrícolas cujos donos nela residiam assim como os proprietários de extensas fazendas mais distantes.

Como não podia deixar de ser tinha o barbeiro, o alfaiate, o sapateiro, o padeiro, etc.

E tinha também o Sr. Ludgero, mais conhecido como Nhô Lu que era o mais letrado da cidade, assinava dois jornais da capital os quais lia de cabo a rabo, tomava conhecimento de tudo o que acontecia pelo Mundo e tinha opiniões próprias a respeito de tudo.

Leyla era a jovem esposa do Donato, um rico fazendeiro, já passadão, que a mimava ao extremo. Era ela que ditava a moda no lugarejo, pois recebia revistas de cidades grandes e comprava todas as novidades pelo correio.

Sempre tinha um romance novo para ler e emprestar para as amigas, as quais, nas tardes de domingo, reunia em sua casa para ouvir no radio-vitrola os últimos lançamentos que o marido mandava comprar na capital. Passavam as tardes de domingo, conversando, rindo e dançando enquanto o maridão jogava cartas no clube.

Quando ouviu falar pela primeira vez em televisão o Nhô Lu sentenciou:

— Isso é um absurdo! Como é que as imagens podem vir voando e entrar nessa geringonça e ainda reproduzir-se? É como essa de dizerem que um dia o homem irá à Lua. Pura ignorância! Não têm ideia da distancia até lá!

Mas a novidade chegou e o maridão da Leyla apressou-se em comprar.

A cidade inteira comentou e acompanhou a colocação da antena feita por um especialista que veio de outra cidade especialmente para atender o chamado do fazendeiro.

Leyla, sempre gentil, convidou a cidade toda para a inauguração da poderosa.

Todos acomodados na sala repleta, caipirinha e pipoca sendo servidas Leyla ligou a máquina.

Imediatamente a tela encheu-se de riscos serpenteantes.

—Eu acho que temos que esperar um pouco até esquentar.

Mais uma rodada de bebida, conversa solta aqui e ali, mas, sobretudo ansiedade.

Será que não vai funcionar?

Queriam tanto conhecer pessoalmente o Cesar Ladeira, Francisco Alves e outros ídolos da época e... Nada!

Seu Donato, fingindo entendido no assunto, mexeu na tomada, virou os botões, sacudiu a antena e de repente...

Sumiram os riscos e a tela encheu-se de chuviscos.

Aos poucos uns e outros foram se despedindo ouvindo Seu Donato se desculpar dizendo que ia reclamar ... chamar um técnico...


E o Nhô Lu sorriu satisfeito com a sua sabedoria:

— Eu sabia que não ia funcionar. Só mesmo um idiota como o Donato podia acreditar numa coisa dessas.

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Este texto faz parte do Exercício Criativo
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Maith
Enviado por Maith em 08/07/2013
Reeditado em 08/07/2013
Código do texto: T4377235
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