REENCONTRO

Vinham andando pela calçada, ao se cruzarem aconteceu. Os olhos gritaram e as almas saltaram e se fundiram. Fez-se um turbilhão de sentimento, um amor impetuoso, ávido, intenso a ponto de irradiar luz. Era uma força sedutora travada em algum tempo, que ali emanava com toda a ânsia de um encontro aguardado infinitamente.

Em um segundo retornaram a si, nada conseguiram dizer, sequer interromper os passos. Algo maior não permitia, impulsionava-os à frente, sem a menor chance de oposição. Continuaram ainda no esforço de se olharem, até não mais se verem.

Ela estava atônita, aquilo ultrapassava qualquer entendimento. Um homem que jamais vira e em nada lhe chamava a atenção, não se justificava por alguma atração física. Nunca havia sentido um amor com tanta intensidade, sublime, transcendente. Aquele deleite exalava por sua respiração, por toda a pele, sem ter havido um contato sequer.

A impressão era de ter estado em uma vida passada, como se suas almas possuídas da mais incontrolável paixão estivessem aprisionadas e num descuido de seus carcereiros se tocaram, sendo imediatamente recapturadas, pelo encargo de alguma sentença.

O que na realidade teria acontecido? Porque não conseguira parar, perguntar-lhe quem era? Tinha certeza absoluta de que ele também compartilhara daquilo! Ficou apenas a cruel imagem de seu olhar, derramando todo desejo por ela enquanto se afastava, para sempre.

Nunca mais se encontraram!