O Velho Conselheiro

O Velho Conselheiro

Ainda me lembro, do seu cabelo grisalho,seu olhar firme e sorriso simples.

Criou seus filhos na simplicidade, mas com muito amor,viu a maioria dos seus netos crescerem.

Acompanhou diversas pessoas através da sua nobre missão como vicentino.

Cuidadosamente todos os dias colocava sua cadeira no mesmo lugar, e ao longe observava a rua,acompanhava as pessoas que por ali passavam.

Com seu velho rádio ouvia na quietude do dia seus programas favoritos.

Homem de pouco estudo,mas dono de uma vasta sabedoria.

Lembro-me das sextas-feiras onde três gerações se reuniam , para jogar baralho.

Jogávamos truco...Ele quem ensinou a maioria de nós a jogar.

O jogo se estendia até o inicio da madrugada,eram horas de pura alegria e cumplicidade entre cada um.

Esses momentos ainda me são frescos na memória.

Quando os caminhos se fechavam, ao seu encontro íamos,pois tinhas as palavras certas as vezes duras,porém iluminava nossos caminhos e abria novamente o horizonte.

Colecionou diversos amigos aos quais deixou uma eterna saudade.

A sua risada as vezes ainda me vem a memória e lembro-me dos seus passos lentos.

As histórias que contava, eram de uma maneira inspiradora, a forma como enfrentou as dificuldades, hoje nos fortalece para jamais desistirmos de nossos sonhos.

Lembro-me da sopa que ele fazia, e que sempre dizia aceita um pouco dessa mistura de verduras,um sorriso imediatamente tomava conta de nossos rostos.

Possuía uma fé forte,mantinha rotineiramente suas orações e participada das missas sempre.

Quem o conheceu dizia com extrema firmeza: Este sim foi um bom homem,bom marido,bom pai, bom avô.

Cuidou de tantos e no fim foi cuidado.

Lembro-me da última vez que sentamos a mesa, e com suas mãos tremulas segurava as cartas do baralho com dificuldade, e com toda esperteza e sabedoria adquirida com o tempo, conseguiu me chamar um truco roubado e nesse momento risadas tomaram conta do ambiente.

A pilastra central,o exemplo, o porto seguro a pedra firme de todos.

Aquela ligação que não tardaria a chegar fez o dia de céu límpido perder sua cor.

Lembro do trajeto feito e das lágrimas que rolaram.

Várias e várias pessoas vieram dar o adeus que todos temem, e no rosto de cada um a tristeza da perda de uma pessoa especial.

Naquele dia muitos perderam o chão e aquela imagem está presa na memória.

O tempo continua se arrastando e anos depois, sua essência, ainda habita aquela casa, é como se pudéssemos ouvir sua risada vinda lá do fundo do quintal.

Seu corpo já não existe mais, sua alma transcendeu, mas podemos sentir sua presença nos zelando.

Hoje somos gratos pelos anos que passamos a seu lado e toda sua sabedoria deixada, pois somos seu legado,temos que continuar plantando as sementes que ele deixou.

Pois sempre lembraremos do velho conselheiro.

Júlio Assis

Júlio Assis
Enviado por Júlio Assis em 11/04/2013
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