Minha Senhora

Já era final de Outono. Eu naquela mesmice. A Senhora passava a roupa, arrumava os quartos, varria a casa... O cheiro que era exalado pela casa era maravilhoso. No quintal, o vento batia nas folhas verdes das árvores e, essas balançavam alegremente. Senhora sempre limpava o quintal, cuidava do jardim. Sempre preocupada com tudo da casa. Era tudo muito vivo e alegre.

Eu corria, eu brincava, eu sujava... e a Senhora sempre me amava. Na casa não tinha louça suja, não tinha pó nos móveis. O chão era totalmente lustrado, quase um espelho.

Agora, estou eu aqui. Já é inverno. E cadê a Senhora? Minha Senhora. É... foi-se embora. A chuva neste instante cai. A janela embaçada, quebrada e suja. Grama morta, árvore sem folhas... Flores mortas, esturricadas. Nem mesmo a chuva pudera salvá-las. Paredes feias, sujas, mofadas. E cadê a Senhora?

Eu não corro mais, não brinco mais... Não sei da louça. O chão deve estar lamoso. Não ligo. Sinto saudade, apenas, de minha Senhora. Oh tristeza, que dor! Dona Morte, por que levastes minha Senhora? Nada tem mais sentido... A casa suja, largada: desgosto para Senhora.

Só me resta sair da casa. Tiro a foto Dela da carteira. Meu pranto rola e se funde com a chuva. Oh Ilustre Senhora, o que ei de ser eu? Apenas uma pessoa de profunda ignorância. Deveras sinto saudade de amar alguém, Senhora...

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