A Falsa Donzela

Ela era um doce de criatura, sempre tão meiga e tão boa com as pessoas, frequentava a paróquia do bairro e nunca fazia algo que não fosse de uma mulher criada nos preceitos da igreja, o tempo foi passando até ela chegar perto dos trinta anos, daí então bateu um desespero quase mortal e a tão santa moça, passou a ser uma ordinária mulher, toda aquela decência e recalque, tornou-se malícia e desejo, pronto, instalou-se na mulher uma vontade incontrolável de ter homens, não se importando qual fosse, e muito menos de onde vinha, se casado, solteiro, para ela nada importava. Porém achou melhor continuar com a farsa de donzela, falava baixo, seu sorriso era tímido e a imagem de a mais perfeita e doce mulher ela conseguiu manter. Até que um dia cansada de interpretar um papel e não podendo mais esconder, visto que, seus vizinhos, parentes e amigos, já estavam começando a desconfiar, ela começou a se mostrar, comprou roupas ousadas, lingeries provocantes e passou a se comportar, falar e andar como realmente era, uma amiga sua, assustada com tamanha transformação, falou: Você está tão mudada! Eis que ela respondeu: mudei sim, para quê adianta ser santa e não conseguir nada, de hoje em diante vou fazer o que der na minha cabeça, deixou de frequentar a igreja, passou a se esconder das pessoas e até a mostrar pouco caráter, até hoje ninguém sabe, se ela mudou, ou se permitiu aflorar o seu desejo contido, reprimido pelo medo do julgamento, mas posso afirmar que não gosto de nenhuma das duas, nem a santa e menos ainda da devassa, ambas estão fora da linha do equilíbrio, fico me perguntando se faz parte de um desvio de conduta, uma falha de caráter ou se pode ser algum transtorno mental.

Tânia Suely Lopes
Enviado por Tânia Suely Lopes em 01/01/2013
Reeditado em 12/04/2014
Código do texto: T4063088
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