Reciclável

Corpo escultural, musa, miss, top model, atriz pornô, todas as curvas perfeitamente modeladas na obsessiva academia; musculação, alimentação, cremes, crimes, plásticas, plásticos. Nada fora do lugar: os olhares que a seguiam compensavam a tortura diária.

Mas não, não era o suficiente! Brilho de sereias e sílfides, todas cuidadosamente copiadas, a pele perfeita e o corpo firme, uma escultura em aço, exterior brilhante e impecável, interior preenchido por uma massa inerte para dar peso. Sem maiores consequências.

O tempo venceu, a idade e sua inexorável corrosão também. O aço oxidou. Era agora uma lata velha, amassada e deturpada em suas antigas formas perfeitas. Dentro da lata, nada de aproveitável, nada de profundo, nada de nada. Lata vazia.

Sendo assim, totalmente reciclável. O planeta agradece.

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Este texto faz parte de Exercício Criativo "A mulher de lata"

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