Encontro

E naquele momento eu tinha muitos sentimentos e nenhuma palavra. Era lá no fundo que tudo acontecia. Não entendia e nem queria entender, apenas desejava que aquele momento se eternizasse, Não podia mexer-me e nem queria respirar. Temia que ao sinal do menor ato, aquele momento mágico fosse quebrado.

Era um momento importante, o encontro pelo qual meu coração nem sabia que ansiava. Estava acontecendo.

Em meio aquela confusão de cores, reconheci aquela paisagem. A familiaridade me abraçou e percorri aquela trilha com a alegria de um viajante que avista seu lar depois de uma viagem exaustiva. Minha alma inteira sussurrava e senti o esvair de toda e qualquer angústia. Não havia dúvida.

Eu podia acreditar porque meus olhos estavam ali, contemplando, completamente fascinados. As memórias da alma iam sendo despertadas e uma lucidez arrebatadora fez com que me perdesse no tempo e espaço. As sensações espalhavam-se com uma rapidez alucinante. Pressentia a suavidade do toque e o calor que confortava, já os conhecia.

Alguém chamou minha atenção e fui momentaneamente arrancada daquele enlevo. Ao retornar, a paisagem havia sido substituída por um par de olhos que me encaravam entre confusos e surpresos. Sustentei aquele olhar o quanto pude e vi florescer um sorriso que ia aumentando conforme eu correspondia.

Segui meu caminho, não sem antes olhar para trás. Nossos olhares se cruzaram novamente e o sorriso ainda perdurava naqueles lábios.

A percepção do que havia acontecido me perseguiu durante todo o trajeto até em casa.

“Há mais entre o céu e a terra do que pode imaginar nossa vã filosofia” já dizia Shakespeare e me vi concordando com ele. Eu tinha visto.

Sim, existia.